EM BUSCA DO TEXTO PEQUENO
Carlos Eduardo Behrensdorf
EstréiaNa década de 90 pela primeira vez visitei o Vaticano e a Basílica de São Pedro.
Sufoquei.
Há beleza, permanência, pompa e vaidade marmorizada na morgue emparedada com os papas lembrados ou não, empoeirados e incrustados nas paredes pelo trabalho dos artífices.O mármore tem movimento reproduzido em suas dobras, tal qual um lençol que se sacode antes de estendê-lo sobre a cama, num abano lento. O que fizeram aqueles pastores pelo rebanho? (Roma 2007).
Repetição
O olhar repetido para a mesma beleza imóvel das esculturas em praças e igrejas dilui o impacto da primeira vez. A familiaridade com o mármore petrifica o primeiro espanto. Obra prima tem hora. (Roma 2007)
Dúvida cruel
Essa conversa de que o tempo apaga tudo não cola. A presença dos e daquilo que gostamos está conosco, sempre, a cada momento. Será que alcancei a idiotice plena para concluir que a eternidade de cada um de nós é passageira como a vida? (Roma 2007).
Bobagem
Se o beija-flor é o helicóptero da natureza a cuíca é o Stradivarius do samba. (Roma 2008).