No glorioso dia 14 de setembro de 2006, 313 deputados cassavam o carioquíssimo Roberto Jefferson (PTB-RJ). Outros 156 valentes parlamentares votaram contra a sua cassação. De lá pra cá, Bob Jeff está inelegível até 2015.
No seu dicurso de tchau e benção, Bob chamou Lula de relapso. Foi fundo: “Se ele não praticou o crime por ação, pelo menos por omissão”. Jefferson refutou o argumento de que sabia das coisas e não tomou providências, denunciando quando devia o esquema de pagamento da propina a deputados. Ele foi impávido e colosso:
– Fiz uma peregrinação. Ao José Dirceu, como ministro-chefe da Casa Civil, falei isso umas dez vezes. Falei ao Ciro. Depois nós descobrimos que o Márcio, secretário-executivo do Ministério, tinha recebido do Marcos Valério R$ 500 mil para saldar contas de campanha. Mas falei ao Ciro, com lealdade. Ele disse: “Eu não acredito nisso”. Falei ao ministro Miro Teixeira. Falei com o presidente.
Usando a oratória como arma e o jogo de cena como munição, Bob Jeff foi irônico, sarcástico até às última con/seqüências:
– Tirei a roupa do rei, mostrei ao Brasil quem são esses fariseus, mostrei ao Brasil o que é o governo Lula.
Parou um pouqinho para tomar fôlego e foi vituperando:
– Rufiões da pátria, proxenetas do parlamento. Este é o governo mais corrupto que testemunhei nos meus 23 anos de mandato, o mais escandaloso processo de aluguel de parlamentar.
E logo sobrou para Lula da Silva:
– Meu conceito do presidente é que ele é malandro, preguiçoso. O negócio dele é passear de avião. Governar que é bom, ele não gosta.
Depois, tocou para Zé Dirceu - o que não gosta de bengala:
– O PT não tem projeto de governo. Eu quero dizer o PT, esse Campo Majoritário e essa cúpula que assaltou o Brasil. Rato magro, hem? Quem nunca comeu mel quando come se lambuza. Rato magro. PC Farias é aprendiz de feiticeiro ante essa gente que assaltou o Brasil. Rato magro. Mas eu nunca bati no peito para dizer que eu sou o paladino da ética e o campeão olímpico da moralidade. Todo fariseu e farsante emprega culpa ao adversário como se fosse um biombo para esconder os seus defeitos.
E deu carta para os dois numa mesada só:
– O presidente escolheu o ministro José Dirceu como uma espécie de Jeany Mary Corner, o rufião do Planalto, para alugar prostitutas, algo que ele entendia poder fazer na Câmara dos Deputados. Tratou esta Casa como se fôssemos um prostíbulo.
RODAPÉ - A cara deste 14 de setembro de 2009 é igualzinha à cara do 14 de setembro de 2006. A diferença é que nesses últimos três anos não apareceu ninguém com a carcaça de Bob Jeff para jogar saliva no ventilador como ele jogou. naquele dia, o prostíbulo se consagrava como uma enigmática e corporativa casa de tolerância.