Quando cheguei ao primeiro e-mail depois de uma centena de mensagens, todas de imenso carinho pelos irmãos Ramil, parei de contá-las. Resolvi arquivá-las na minha sala de recordações. Elas continuam chegando. Muitas falam do texto que, às pressas, a memória me ditou no último fim de semana. Todas falam em Kleiton e Kledir.
Esse catatal de posts, e-mails, mensagens e alguns telefonemas, movidos por uma crônica editada em jornal citadino é a metamorfose do mundo virtual naquilo que se chama fenômeno local de comunicação. É a aldeia ganhando o universo.
Sei até que o professor Samir - dos Hotéis Curi, lá naquelas paragens onde o Brasil começa - juntou ao texto Alma de Guri a minha antiga crônica Pelotas, Minha Cidade e, dentre outros destinos vários, deu-lhes tal efeito multiplicador que chegaram às mãos do jornalista Carlos Eduardo Behrensdorf, em Roma. E ouso cometer a inconfidência - do alto de sua têmpera sensível de seresteiro, poeta e/namorado - o meu bom amigo Garça chorou. Eu soube disso por ele mesmo, num telefonema de quase uma hora de reminiscências. É bem como me mandou dizer outro dia Kleiton Ramil: "amigo é pra essas coisas".
E já que falei das postagens que recebi, na clipagem de Samir Curi, nas lágrimas do Behrê pela saudade das aves que aqui gorjeiam e na resposta que uma página de jornal pode alcançar, em homenagem a todos os que me estimulam com sua leitura, edito neste espaço a mensagem que o próprio Kleiton me autorizou a publicar. Vale como se fosse as de vocês todos que me acompanham e veneram os universais Kleiton e Kledir:
"O texto do Sérgio é bonito, porque diferente dos outros; houve uma convivência entre nós, e ele me fez lembrar, sob a ótica dele, momentos de minha vida que foram muito felizes, pré adolescente, onde a gente amava música e cantava de forma descompromissada. Saber que alguém percebeu isso além de nós mesmos é muito bonito. É como se houvessem feito, além de nossa memória, um filme com detalhes de nossa vida. Tudo que vivemos hoje começou muito tempo atrás..."
RODAPÉ - Desde que o Sanatório da Notícia entrou no ar, há quase dois anos, esta é a primeira postagem que escrevo na primeira pessoa. Uma evidência de que a internet pode ser também um simples fenômeno local. E hoje eu estava com alma de cabotino.