DILMA VANA NÃO TEM NADA,
QUEM PODE TER É O MEU VIZINHO
A president@ Dilma Vana se submeteu a exames médicos na manhã desta segunda-feira no Hospital das Forças Armadas, em Brasília. O Boletim não é médico, é palaciano: "Tratam-se de exames de rotina que já estavam programados". Quer dizer, desta feita, não é uma parada técnica e c omo se pode concluir, o estado de saúde da president@ é estável.
A propósito, conto-lhes um périplo pelo qual passou um amigo, meu vizinho aqui do condomínio, na semana anterior. Ele acordou com os olhos trocados. Tipo assim, vesgo pelo avesso. Via tudo em dobro e superposto, mas não trocava os olhos pelo lado de fora da cara.
Ele não tem plano de saúde; nem SUS - porque nessas horas, o sistema está fora do ar ou só pode marcar consulta para daqui a duas ou três semanas. Procurou um oftalmo. Mais que isso, um hospital oftalmológico. Pagou R$ 220 na bucha para ser atendido.
Esperou como se fosse no SUS. Duas horas mais tarde, com a crise ocular quase passando, ele foi examinado. Diagnóstico: - Nada demais. Em todo caso, pode tratar-se de um AVCezinho pequeninho, coisa de estresse ou até nem isso. Então vá aqui à sala ao lado e consulte com a especialista em retina.
Ele foi. A consulta custava mais R$ 245. A médica não estava. Só ela poderia marcar o horário de atendimento. Chegaria - conforme as delicadas e prestimosas atendentes - lá pelas precisas 15h10. O meu amigo esperou. Quase três horas depois, cansou. A vesguice interna já estava passando. Levantou-se e foi embora pra casa.
Uma hora e meia depois, recebeu um telefonema do primeiro oftalmologista. Já que não havia morrido com a grana da consulta de retina, deveria submeter-se a uma tomografia. Pronto, a tomografia custava R$ 445. Sei lá, mas me parece que eles gostam do final 45.
Ele resolveu telefonar para um neurologista, amigo velho e sempre às ordens de sua também velha amizade. Do outro lado da linha e lá do outro canto do Brasil, distante 2.500 km de Brasília, ele ficou sabendo que tomografia era empulhação.
Já havia passado mais de três horas da crise de vesguice e a tomografia a essa altura do campeonato não revelaria coisa alguma. A não ser um recibo de R$ 445 para descontar Imposto de Renda no ano que vem.
Foi aconselhado - embora "talvez nem fosse nada" - a procurar um centro de excelência em neurologia e um oftalmologista que, nesses momentos, sempre sabe o que é bom pra tosse. O caso agora, por precaução, deveria ser uma ressonância craniana.
Eureka! Achou! Achou o centro de referência. Marcou por telefone. Como era "particular" havia uma brecha para uma ressonância às 20 horas. Agendou. E, como não haveria plantão de secretaria após às 18 horas, ele foi até ao prédio da clínica para pagar o exame.
Tirou ficha de atendimento. Sentou, esperou e, ao ser atendido, foi informado que "ressonância craniana só com autorização médica". Ele disse que tinha uma. Mas não era daquela clínica. Então não valia.
Desceu um andar e, em cumprimento à venda casada de serviços emergenciais, pagou uma "consulta" com o profissional de plantão para casos do tipo do seu e morreu com mais R$ 150.
Aí, sim. Pôde confirmar, mediante módicos R$ 350, o agendamento da ressonância craniana para aquela memorável noite da Capital Federal, onde fica o Palácio do Planalto, onde habita dona Dilma Vana e onde fica a Esplanada dos Ministérios, valhacouto inclusive da Pasta da Saúde e de planos como Mais Médicos e coisas genéricas e similares.
Submeteu-se à ressonância. Está aguardando para esta terça-feira o diagnóstico que deve lhe contar se ele teve mesmo um AVCezinho, ou se não era nada, só estresse ou coisa que o valha.
Em caso de ter sofrido um derramezinho, ele agora vai ter que se submeter a uma dieta alimentar e voltar a dar pelo menos uma caminhada diária, para desenferrujar os ossos e sair da ociosidade em que mergulhou assim que descobriu não ter direito a uma bolsa-família.
De tudo isso, emeu vizinho vive este momento lindo de entender porque é mesmo que Lula só se vale do Sírio-Libanês em São Paulo, quando está com dor de garganta, ou porque Dilma Vana procura o Hospital das Forças Armadas, quando nem está sentindo nada, aqui em Brasília. Ah, são tantas emoções. Não há como não ter um AVC...