O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

9 de set. de 2014

COMEÇA HOJE O 'NOVO'
FUTEBOL BRASILEIRO
Daqui a quatro anos seremos hexacampeões do mundo
lá na Rússia. 

Hoje tem jogo da seleção da CBF. E adivinha qual é a novidade? O Neymar vai jogar. E aquilo de ele usar a braçadeira de capitão já não é mais uma coisa que se possa chamar de nova.

Então é só isso mesmo. O Neymar joga logo mais. É o novo "capita" da seleção da pátria de chuteiras.

Agora, eu gostaria de perguntar umas coisinhas para vocês. Pode deixar, nem precisam se dar ao incômodo de responder.

Eu mesmo vou perguntando e respondendo.

O brasileiro perdeu o jogo de cintura? Não! Perdeu a paixão pelo futebol? Não! Perdeu a alegria de jogar bola? Não!

Há algum país no mundo que tenha tanta várzea e tanto peladeiro como o Brasil? Não! Claro que não, pô. A reforma agrária não foi e nunca será feita, bolas. Tem campo de sobra pra qualquer brasileiro trocar os pés pelas mãos.

Então, o que é que há com o peru do futebol do Brasil? Ora, meus egrégios experts do mágico mundo da bola, o que há é cartolas demais!

Há procuradores e empresários demais. Há comentaristas esportivos demais. Há apitadores apitando demais.

Há patrocinadores demais. Há redes de rádio, jornal e TV demais. Há gestores demais. Há entendidos demais. Há técnicos demais. E torcedores de menos.

Cada vez mais o torcedor brasileiro assiste mais ao futebol espanhol; ao futebol que fala alemão, inglês, francês, italiano... E cada vez mais há torcedores de menos no futebol brasileiro.

E os que fazem parte dessa esmagadora minoria de entendidos não são ouvidos, nem sequer respeitados.

Isso tudo inibe o futebol espontâneo e moleque do brasileiro.É mais uma ditadura que prende, que aprisiona, que comprime, plastifica e encaixota o jeito fácil e inimitável de jogar bola como ninguém que o brasileiro tem e já não deixam mostrar.


Como Neymar, há pouco jogador aí pelas várzeas, pelos campos de quatro estações num dia só, sem arquibancadas e sem redes. Mas, como o resto dessa seleção de nanicos do Dunga, há milhares no Brasil; em todas as séries profissionais e em cada uma das divisões amadoras e aprendizes.

O mal é que, sob o jugo dos técnicos que servem à cartolagem e aos interesses das redes de comunicação social, os craques brasileiros jogam reprimidos com medo de perder o emprego por não garantirem o emprego dos seus treinadores.

Jogam para trás na hora do drible pra frente; ai deles que não atrasem a bola para o zagueiro que, sem saber sair jogando, toca a bola para o lado mais próximo transferindo a responsabilidade ao invés de contra-atacar, ainda que já defasado em tempo e ousadia.

Pergunto e respondo, uma vez mais: quantas atrasadas de bola deu o Pelé na carreira dele? Nenhuma!

Ah, pra não mentir, ele certa feita atrasou uma bola: foi aquela no meio da área da Itália, para o Carlos Alberto encher o pé e estufar as redes e fazer 4 a 1 nos italianos, lá no Tri do México. E nem foi atrasada, foi um pouquinho além da linha em que ele se encontrava, só para o gol ser mais bonito.

Hoje, quem não atrasa pro seu próprio goleiro, sai do time. Imagine, o Dunga, o Mano, o Tite, o Luxemburgo, o Leão e o escambau a quatro correrem o risco de perder o emprego por causa de uma firula a mais de um jogador que eles mesmo escalaram porque recomendaram sua contratação?!? Nem pensar. É porta da rua, serventia da casa, na hora.

Em que país no mundo da bola, um árbitro apita perigo de gol, ou dá sinal amarelo por simulação? nenhum! Em país nenhum. Só no Brasil. Em que estádio do planeta Terra a torcida organizada manda na diretoria do clube? Nenhum. Nem há mais torcida organizada nenhuma, ora bolas.

Então, é assim que estamos. Prontos para dormir mais tarde hoje, porque o selecionado da CBF vai enfrentar a poderosa esquadra do Equador bem acima da linha imaginária, lá pelas Américas do Tio Sam que gosta mesmo é de jogar com bola oval, bola bicuda.

E vamos que vamos para a frente da TV ver e escutar o moderníssimo Galvão Bueno dizendo como jogam bem os nossos garotos-propaganda e como o nosso futebol já está diferente e evoluído.

Graças, é claro, ao Zé Maria Marin que vai passar o cetro da CBF ao Marco Polo Del Nero que gosta do Gilmar Rinaldi que gosta do Dunga que vai modernizar o futebol pentacampeão do mundo.

Pronto, começou até que enfim a grande e necessária transformação do futebol brasileiro. Na Rússia, daqui a quatro anos, seremos hexacampeões. Se não ficarmos pelo meio do caminho nas eliminatórias. O Tite nasceu para ser campeão do mundo.