PESQUISA ELEITORAL É A
LÓGICA APLICADA À CIÊNCIA
Nada como uma boa pesquisa científica. Mais ainda quando é pesquisa de opinião pública sobre intenção de voto.
Pena que vocês, assim como eu, nunca foram sequer abordados por um entrevistador desses curiosos institutos.
Também, não é para menos, esses levantamentos são feitos em períodos de quatro, cinco dias, com cerca de dois, três mil entrevistados.
Caramba, nós somos uns que outros 200 milhões de habitantes nesse país que vive de números, de índices, de pesquisas.
Queremos o quê: que sejamos um dos entrevistados do Ibope, Datafolha, Sensus e genéricos? Bolas, isso seria um contra-senso.
Seria como acertar na Mega-Sena. Somos os mesmos 200 milhões de crédulos; você, por acaso ou muita sorte, já acertou alguma vez na Mega-Sena? Então, eu e você estamos querendo o quê; a gente tem fome de quê?!?
E assim é que, pesquisa após pesquisa, uma atrás da outra, nós vamos caindo no ostracismo.
Parece até que ninguém quer saber a nossa opinião. E vai ver que ninguém quer mesmo saber disso.
O remédio é fazer cara de paisagem, assim como faz um corrupto quando a gente o chama de aliado do governo, ministro, político, ou coisa parecida.
E então, a gente faz que acredita e se insere no contexto. Dá ares de quem acredita na pesquisa, porque ela é por amostragem e obediente a um método que se apega a um aglomerado de regras básicas. E aceita-se a pesquisa como certa, pois os dados são colhidos em áreas determinadas de incidência de conhecimentos.
A turma junta, nesses extratos sociais, as chamadas evidências empíricas verificáveis - tudo baseado cientificamente na observação sistemática e controlada da experiência, investigação ou pesquisa de campo. Os institutos garantem que seu método nada mais é do que a lógica aplicada à ciência de perguntar coisas que eles querem ouvir de quem eles escolhem para entrevistar.
Para resumir esse papo todo é o seguinte: aproveite que o Brasil está vazio na tarde desse domingo, dia de futebol, e mande uma equipe de pesquisadores às arquibancadas onde estiver a torcida do Flamengo. Pergunte a dois ou três mil flamenguistas se o Mengão vai querer mesmo enfrentar o Vasco da Gama na Segundona no ano que vem.
Pronto, não precisa mais que isso. Você vai ter o "quadro atual" do estado de ânimo dos flamenguistas. Quer coisa mais exata e mais científica que isso? Só que o Brasileirão não termina neste domingo e o Flamengo só vai ser rebaixado no ano que vem. Hoje, é outra história.
Pois, na política e nesses tempos bicudos de eleição, se dá o mesmo.
Experimente, vá com um grupo de pesquisadores escolhidos a dedo e pergunte, dentre os três ou quatro mil entrevistados da vez, para apenas mil usuários do Bolsa Família e para uns duzentos ganhadores do Minha Casa, Minha Vida, em quem eles votariam se as eleições fossem hoje.
Deu pra bola. Estamos conversados. E não se fala mais nisso. Semana que vem tem nova pesquisa de opinião. E vai ser assim toda semana, daqui até poucos dias antes de 5 de outubro, quando "não vai ter baderna" mas vai ter segundo turno - conforme os mais recentes dados científicos do Ibope.