O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

27 de jul. de 2014

FALCÃO CROCITA POR SÃO PAULO

Rui Falcão, apenas presidente e não presidente de honra do PT, jogou a toalha.

Admitiu que o partido de honra e glória de Lula dificilmente deverá fazer a mesma bancada paulista de 26 deputados federais nas eleições de outubro.

Ele diz que o julgamento do mensalão prejudicou muito a imagem do PT em São Paulo. Até parece que foi só em São Paulo que isso aconteceu. Mas Falcão quando abre o bico parece até tucano.

verdade é que o cartaz do PT está feito e espalhado por todo o território nacional. Do jeito que Falcão crocitou dá a nítida impressão de que os paulistas são os eleitores politizados do país e que o resto é o resto.

O PIO DO FALCÃO

O pio do Falcão, no entanto, não é de todo inconsequente.

O PT perdeu em São Paulo tantos puxadores de voto, quanto as letras brasileiras perderam imortais nesse ano.

João Paulo Cunha, Ricardo Berzoíni e Zé Eduardo Cardozo, por motivo de força menor - um está preso na cadeia, os outros  presos a Dilma - não concorrem a nada nessa eleição.

Para completar o quadro, o mais recente poste lulático, Alexandre Padilha, não tem luz própria. Está empacado na soleira da porta dos fundos da lavanderia Labogen, do doleiro agora também cardiopata, Alberto Youssef, hóspede permanente da Polícia Federal.

ACADEMIA NOS CÉUS
Primeiro começou a despencar avião por tudo quanto foi lugar desse mundo; depois foi o surto de escritores brasileiros se mandando desta para a melhor. João Ubaldo Ribeiro se foi e logo, logo atrás dele se mandaram Rubens Alves e Adriano Suassuna. Os imortais já devem estar montando uma academia lá nos céus. 

FUTEBOL RUDE E SEM GRAÇA
Não vai ser agora que vou engolir a Alemanha

Agora, o Brasil até parece que voltou a ser o País do Futebol. Desde a CBF - e suas novidades administrativas: Gilmar Rinaldi e o cerebral Dunga - até os mais bisonhos narradores e comentaristas esportivos, elegeram o jeito Alemanha de ser e de jogar bola. É o novo futebol brasileiro de gabinete em consonância com o futebol de estúdios.

E rezam que "há dez anos a Alemanha tem o mesmo treinador"; enaltecem o sistema de jogo dos alemães; a forma como os seus atletas se comportam com o público e com a imprensa; exaltam sua bondade desmedida e mais até que o espírito de luta, a alma dadivosa dos integrantes da seleção tetracampeã do mundo.

Peralá! Tudo isso pode até ser verdade, menos a essência do futebol: a criatividade, a alegria, o drible, a improvisação em campo, enfim, o futebol que dá gosta de se ver.

O velho e bom futebol brasileiro pentacampeão mundial.

Sua memória deve estar à beira da Missa de 7° Dia, se você já esqueceu como foi a campanha da seleção da Alemanha. Vou relembrar então que reviver é preciso:

Meteram 4 a 0 em Portugal na estreia. Os portugueses pareciam tão aturdidos em campo quanto os brasileiros mais tarde, na mesma memorável competição.

Empataram na maior dificuldade com Gana, em 2 a 2, numa partida em que os ingênuos ganeses foram sempre melhores e muito mais, digamos, vistosos.

Jogando por rapadura com os EUA fizeram um gol sem-querer no início das partida e ganharam de calças na mão. Ainda assim, levaram a coisa a sério. A "coisa" aí é o futebol - fique isso bem entendido.

Na fase quase quente da Copa, derrubaram na prorrogação e no cansaço a poderosa Argélia que babava de estafa, quase como se fosse um Zé Genoíno tendo um infarto de verdade.

Nas quartas-de-final, meteram a pau e corda um gol na França que jogou sem Rivéry, o Lionel Messi dos franceses e, não mal comparando, o Neymar dos brasileiros.

E foi então que veio à tona o espírito de bondade dos alemães: 7 a 1 no time de Felipão, quando poderiam ter feito 10 a zero.

E assim, respaldados pelo sucesso da crônica de uma morte anunciada, foram pra cima da Argh!entina e, na apoteose final, a destroçaram com um tango-tragédia: gol de um jogador reserva, a dois minutos do final da prorrogação.

Confesso, foi bom de ver na TV a cara do Maradona. Ah, isso não tem preço.

Pense comigo: nos pênaltis, a história do tetra poderia muito bem ter trocado de camisa e não passar de mais um tri para los hermanos.

Isso sim, Argh!entina tricampeã do mundo dentro do Maracanã, faria o povo brasileiro dar apoio até à gaúcha Sininho Blackbloc, para depredar a CBF e badernar para sempre as inúteis e logo fantasmagóricas arenas bilionárias que o governo bancou para a Festa da Fifa.

Como o brasileiro é um torcedor de sorte, teve o prazer de ver algo mais hilário que a carantonha de Maradona:

Dilma Vana, feliz como ela só, entregando lépida e fagueira, sob intensa ovação, a taça para o capitão da Alemanha.

Ah, coloque você aí o preço que quiser nesta cena tão inesquecível quanto impagável.

Por isso tudo e porque o Brasil está parado, posto que hoje é domingo e aqui é o País do Futebol, eu alerto para os sintomas de embevecimento nacional pelo jeito dos alemães jogarem bola: ora bolas, nada disso é tão assim moderno e tão vistoso como ficou parecendo.

A Alemanha foi, nessa Copa da Dilma o que o Brasil foi naquela Copa de Parreira e Zagallo, em 94 nos Estados Unidos: a vitória de um futebol de resultado, rude e sem graça nenhuma.

Até hoje, eu não engoli a Seleção Brasileira daquela Copa. Não será agora que eu vou engolir a seleção e o futebol da Alemanha.

Cada vez gosto mais daquele bom e descontraído futebol de várzea que gerou Pelé, Didi, Garrincha, Nilton Santos e o time inteiro da Portuguesa do Patê e aquele das velhas e esplendorosas tardes de sábado na Charqueada São João, às margens plácidas do Arroio Pelotas.