OBA, OBA,OBA!
Oba, vai ter Copa. Mas é só hoje. Dia 13 de julho de 2014, oba! Vai ter Copa. Não vai ter baderna. Vai ter vaia. Oba! Amanhã, vai ter escola, vai ter trabalho, vai ter saúde, vai ter transporte, vai ter segurança! Oba! Amanhã não vai ter Copa para sempre aqui no Brasil.
EI, HOJE TEM JOGO NO MARACANÃ!
Ah sim, hoje tem Alemanha x Argh!entina, no Maracanã. Parece que as duas seleções decidem o título da Copa do Mundo de futebol. Se não me engano, o jogo de compadres é às 17 horas. pelo que sei vai dar na TV.
Não, ainda não é certa a presença de Pelé, Rei do Futebol, no estádio; ele precisa visitar Edinho, seu filho, num condomínio fechado lá em Santos.
Sim, Maradona não vai; não foi convidado para essa festa pobre. Tá nem aí, vá que Lionel Messi erga a taça de tricampeão mundial...
Outro desfalque considerável para o show da Fifa é o torcedor brasileiro. Mas, claro, sempre há os que gostam mais de futebol do que do próprio país. Então é meio assim, vai ter brasileiro por lá, mas vai ser só pra vaiar.
Uma coisa é mais que certa nessa festa rica que não é pro nosso bico, na hora da cerimônia de encerramento, você aí da sua sala de TV não vai ver nas arquibancadas nenhum afro-descendente, nenhum pobre descalço, nenhum bolsa-familiar, ninguém que tenha ido de bicicleta ou de jumento.
Como é dia 13, é bem provável que, como mentor e patrono dessa patacoada bilionária financiada pelas burras públicas nacionais, o maior pé-frio do futebol brasileiro apareça por lá. Só em espírito, já que os exames de rotina pelos quais passou ontem no requintado e salvador Sírio-Libanês, não lhe permitem estar nessa verdadeira missa de corpo presente.
APESAR DE VOCÊ
O governo amanhã começa a tratar de coisas mais importantes. A vida simples do brasileiro. Tá, o governo sabe que precisa construir escolas, hospitais, presídios, mas não precisa ser no padrão Fifa. Aí, fica mais fácil. Faz de qualquer jeito, ou até nem faz. Como não fez até agora. Ainda mais que tem eleição em outubro. Apesar de você, amanhã há de ser outro dia...
DEL NERO CHUTA A FUTEBRÁS
Com o desastre da Copa, o governo até esqueceu um pouco das tragédias naturais que abalaram e abalam o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e boa parte do Nordeste. As mortes, o desabrigo e o desespero de quem perdeu tudo nas enchentes e enxurradas, foram trocados pela preocupação manifesta do governo em intervir no futebol brasileiro. E vem aí a Futebrás.
Dilma nega, mas Aldo Rebelo - agora sem medo de ser feliz com mais um chute no traseiro desferido pela Fifa - diz que "o Estado precisa aumentar sua participação no futebol".
Na verdade, "participação" aí quer dizer intervenção. Até porque "participação" pega mal. Participação no quê: no jogo, na bola, nos negócios de compra e venda dos jogadores, na lavanderia, na indicação de empresários e procuradores? Mesmo numa democracia como a nossa, participação é pior que intervenção? Você decide.
Mas quem não deixa para você a tarefa de decidir, é o presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero. Ele saltou de banda e como não quer saber de governanças na sua chacrinha, mandou a turma braba se catar: "O governo que vá cuidar do esporte na educação pública"!
É como se tivesse metido o dedo na cara de Dilma e no nariz de Aldo Rebelo e dito sem mandar dizer: "Vão tratar de fazer o que precisam fazer há muito tempo e não estão fazendo".
E com isso Marco Polo descobriu um bom caminho para a campanha de Dilma. Logo ela estará prometendo nos palanques e na TV alguns milhões de clubinhos de futebol nas escolas da rede pública de todos os graus.
A essa altura Dilma até já deve ter passado um pito nos seus ministros inertes: como é que vocês não pensaram nisso há mais tempo, seus travados, preguiçosos!?!
Dilma Vana, amanhã, primeiro dia do Brasil sem Copa neste ano, Dilma vai ter que rebolar para não ser refém de mais uma chantagem eleitoral. Já nem são os partidos políticos do Nordeste, por nanicos que sejam, que estão pedindo; são os eleitores nordestinos que estão mandando: ela tem que nomear um nordestino de notável saber jurídico para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Agora, ou Dilma dá ou daécio.
O GRITO
Assim como Dilma gritou no seu primeiro dia de governo, lá no já longínquo janeiro de 2011, "Brasil, apagão nunca mais!", ela amanhã poderá soltar o brado retumbante e libertador: "Brasil, Copa nunca mais!". E baixinho para que ninguém a ouça: "Ufa!".