Os trombeteiros anunciaram que, depois de dois meses e meio de folga, Lula da Silva "começou a trabalhar oficialmente nesta quarta-feira, 16, em seu escritório no Instituto Cidadania, no Ipiranga, zona sul da capital paulista".
De ontem para cá, Lula começou a fazer então o que não fez ao longo desses oito anos e dois meses e meio. Dizem os portadores da voz rouca das ruas que ele "retomou" as atividades na organização não-governamental que mantinha antes de ser presidente pela primeira vez.
Vai começar a elucubrar a criação do futuro Instituto Lula, outra ONG que vai botar no fértil mercado para divulgar projetos de combate à pobreza na América do Sul e na África.
Tudo vai acontecer no prédio do Instituto, na Rua Pouso Alegre, n° 21, pertinho do Parque da Independência. O lugar estava em reforma desde janeiro. Nessa quarta, velhos e conhecidos assessores dos tempos de Palácio já estavam por lá quando chegou aquele que não desencarnou ainda da presidência.
E já arregaçaram as mangas, como se não soubessem onde podem captar dinheiro para garantir o próprio pão de cada dia e, muito menos, como se Lula - antes de ser presidente da ONG - não fosse e nem continua sendo o presidente de honra do PT. Vai ser uma África não falar de política.
Observadores atentos garantem que a ONG de Lula tem muito mais capacidade de arrecadar fundos e doações do que as organizações do marimbondo imortal, José Sarney. É só manter ligados os holofotes que o trem pagador vai aparecer no fim do túnel.
RODAPÉ - Só no Brasil as organizações não-governamentais (ONGs) vivem e sobrevivem de dinheiro público. A chave de ouro das "captações" cabe direitinho nos cofres públicos.