O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

15 de mar. de 2011

Histórias da Caserna

Assim é a vida como ela é...
Por Carlos Eduardo Behrensdorf - Brasília


De agosto de 1962 a outubro de 1963 integrei o 11º Contingente do Batalhão Suez. Nos primeiros quatro meses fiquei no 3º Pelotão da 7ª Companhia de Fronteira, na Faixa de Gaza entre Egito e Israel.

O comandante do pelotão era o 2º tenente Carlos Lamarca, que depois virou capitão, o que é uma outra história. Eu fazia parte do grupo de atiradores. Éramos três, Todos treinados no 2º Regimento de Infantaria, o Dois de Ouro, na Vila Militar no Rio de Janeiro.

Eu ainda não usava óculos. Em Pelotas, no 9º RI, em 1957, tive um grande professor de tiro, o sargento Brechane.

No dia 1º deste mês recebi um e-mail de uma mulher, vamos chamá-la de Maria, com o texto seguir. “Olá, gostaria de saber se algum de vocês tem conhecimento do Fulano, que consta do 11º Batalhão de Suez. Trata-se de amigo de meu pai que ele gostaria muito de reencontrar. Grato, Maria.”

Respondi o seguinte:

“Maria: Conheci o Fulano, pois éramos da mesma Companhia. a 7ª de Fronteira. No retorno, ficamos alguns dias no Rio de Janeiro e ele retornou ou deve ter retornado para ...... sua cidade natal. Lembro que um dos amigos dele,... ..., se ainda vive, poderá estar em ......e quem sabe informe alguma coisa. A última vez que falei com o ......foi no início da década de 70, no Rio Grande do Sul. Só uma curiosidade: quem é o teu pai? Ele também esteve na Faixa de Gaza? Abraços. Behrensdorf.”

O encontro com ...... ocorreu em Pelotas, no Bavária, e dele participou o Nei Feijó, o grande Canelão, que também foi boina azul.

Pois bem. Ontem recebi um novo e-mail de Maria que transcrevo na íntegra, tal qual me foi enviado:

“Olá. Então, na verdade, na verdade, (assim mesmo, repetido) eu gostaria muito de encontrá-lo porque ele foi o grande amor da vida da minha mãe, ela casou-se com meu pai, com o Fulano chorando na porta da igreja e minha mãe entrou na igreja chorando, mas naquela época minha avó obrigou minha mãe casar-se com meu pai, desde então, esse amor ficou apenas na lembrança, meus pais já estão separados há 40 anos, e sempre pensei em procurar esse amor de minha mãe, como nos contos de fada, queria muito ve-la feliz..... Mas infelizmente, alguns de seus colegas ja me informaram que ele faleceu há alguns anos, estou triste porque nao sei nem como dizer isso para minha mãezinha, pois ela tinha muita esperança em vê-lo. Era isso”.

Reprodução/Canal do Suez
Olhando pela janela voei bastante, lembrando do Fulano e também do velho feiticeiro Nelson Rodrigues que insistia em escrever “A vida como ela é” com histórias e personagens imaginários ou reais de causar inveja a Janete Clair.

Detalhe: os personagens desta história apesar dos nomes trocados, reticências ou omitidos não são ficção ou mera coincidência. São reais, existem, existiram, existirão.