O VELÓRIO DE UM NOVO MITO
Como se não soubesse que político bom morre antes...
Pois o enterro de Eduardo Campos só passou na TV fechada. Foi a cabo. Tá bem assim. Vida que segue. Mas houve missa campal. Bem diferente da guerra campal que os políticos travam entre si. E que, para azares do destino e do povo, não mata nem fere nenhum deles.
E muito mais próximas, é claro, do que o povaréu que ficou horas mortas de vigília à espera do momento de dar adeus a seu ídolo imortal, agora falecido.
Mesmo assim e além do horizonte dos guarda-costas, Dilma e Lula foram encobertos por carecas e papagaios de pirata. Ali ninguém sabia entoar os cânticos e muito menos rezar oração alguma.
Dilma Vana ainda arriscou, num dado momento, fazer meio sinal da cruz - posto que ela não é nem nunca foi de persignar-se para ninguém. Muito menos por extenso.
Pela primeira vez na história mundial um minuto de silêncio gerou vaias silentes tão retumbantes quanto nessa missa campal católica, apostólica, romana em que Lula da Silva mal conseguia aparecer ao lado de Dilma e sem a menor condição de dizer ao corpo presente de Eduardo: "estamos juntos nessa!". É nisso que dá a gente não poder fugir à realidade de ser um "anão diplomático". Vida que segue.
E então vem à tona, diante de tal missa campal e circunstancial, as perguntas que não querem calar: Seria Eduardo Campos um católico? Fez a primeira comunhão? Por que o longo e prolongado culto não foi evangélico, ou ecumênico, ou universal? Pô o PT de Lula, além de carismático por natureza, sempre se guiou pela teologia da libertação. Seriam agora Olinda e Recife neo-sincréticos como Dilma às vésperas de qualquer eleição?!?
Bolas, pouco importa. Vida que segue. Ontem mesmo, alheio a tudo isso, um apostador de Indaiá, em Minas Gerais, acertou sozinho na Mega-Sena. Abocanhou 44 milhões de reais, sozinho. Será, ele agora, o maior doador de campanha? Ou continuará isento, dado o seu anonimato?
Acredita em quê: em palpite, ou reza forte? Dá graça a Deus que existem as Loterias da Caixa. E também que nunca teve dinheiro para andar de avião para cima e para baixo.
Ora, vida que segue.
Segue para Marina, Dona Renata, seu filho mais velho, pré-candidato a uma pré-eleição de qualquer coisa. Menos para Eduardo Campos, agora como todo infausto falecido nessa vida, um homem bom, perfeito, sem máculas.
O presidente ideal para o Brasil.
Ah, importa aqui e agora é que milhares e milhares - entre 30 mil e 150 mil ou até muito mais - estavam lá na missa rezada pelo arcebispo de Olinda e Recife.
Estavam até Aécio Neto de Neves e milhares de fieis que não entendiam bulhufas das letras das cantorias em latim, hebraico e outros idiomas parecidos com o linguajar usado pelos doutos ministros do STF quando julgam mensaleiros e genéricos em geral.
Pois lá estavam todos eles e tudo isso. E sabe o que foi que aconteceu? Nada. Nem assim Eduardo Campos reviveu. Ah sim, sim, Eduardo Campos vive! Eduardo Campos vive! Vive e não vai desistir do Brasil. Ó homens de pouca fé!
Eduardo Campos vive! Coisa assim, como Elvis Presley, John Lennon, quase como um Ayrton Senna. Ficará na alma do povo. Para todo o sempre, amém.
Sim, sim... Por essa vocês não esperavam: Lula pegou o filho pequeno de Eduardo e Dona Renata. Ergueu-o como se fosse um neo-Moisés e... Chorou emocionado. Como se não soubesse que político bom morre antes.
RODAPÉ - Repare que Miguelzinho bota a língua para o inoportuno louvador. Esse garoto vai ser um grande brasileiro.