ENTREMENTES
Em três ou quatro dias o poder estabelecido resolveu a rebelião do presídio de Cascavel. Lá, em São Luiz do Maranhão, professores estão em greve há 90 dias. Os governos brasileiros, de todos os calibres e coturnos, só conseguem dar um jeito no que está errado na base da violência.
QUEM?
A grande pergunta da moda: - Quem, financiava e protegia Abdelmassih? A grande pergunta que caiu de moda: - Quem financiava e protegia o esquema de Rose?
POBRE CENTENÁRIO
A cara do futebol brasileiro: Palmeiras completa hoje 100 anos de existência. Quer contratar Ronaldinho Gaúcho para escapar do grupo da morte no Brasileirão.
PERIGO VERDE
Marina Morena verde da Silva é o grande perigo das eleições de outubro. Aécio Neto de Neves vai ter que bater na candidata pero sin perder la ternura. Vai precisar dela no segundo turno.
DIÁLOGO IMPOSSÍVEL
Por que será que, nesses programas de "debates" na TV, o candidato honesto não age como tem que agir? Bastaria dizer ao adversário: - Não respondo nada a você... Não falo com ladrão!
CADÊ?!?
Alguém aí pode explicar por quê o PT, partido do governo que manda e desmanda no Brasil há 12 anos, sumiu dos "santinhos", dos banneres, dos posters, das rotundas dos programas de TV? Cadê a estrela, cadê a sigla vermelha? Cadê as provas, cadê?!?
O MAIOR IBOPE
Em Brasília, o candidato seja de que partido for que mostrar aversão ao PT ganha mais voto do que qualquer outro que tenha projetos consistentes com relação a educação, saúde, transporte, segurança. O PT, em Brasília, é intragável. Falar mal do PT é o maior Ibope.
FACÇÕES
A raiz do mal da política brasileira está nos partidos políticos. E não venham pra cima de mim os patrulheiros de plantão com suas cantilenas de defesa da democracia porque, se não são não ingênuos e simplórios, eles são espertos o bastante para advogar em causa própria na defesa de suas boquinhas ricas. Política é ficção; partido é facção.
TORNEIO DE PÊNALTIS
Sempre que dá no jeito, lá pelas seis horas da manhã, eu e meu neto, Thiago, damos a nossa caminhada pelas trilhas comuns do condomínio. Ele vai em frente e eu paro na mini-academia a céu aberto e ele segue por mais uns dois quilômetros na orla do conjunto residencial e volta.
Ali, ele se exercita por uns dez minutos e começamos a volta pra casa, com uma parada obrigatória na quadra de futebol soçaite. É quando retomamos o campeonato de pênaltis entre nós.
É uma série de dez penalidades. A gente se reveza na arte de ser goleiro e atacante na competição - tenho ojeriza pela palavra "disputa". O único excesso que se pode cometer nas cobranças é bater na bola com meia-força; não mais que isso.
O confronto está acirrado. Um dia ganho eu, outro dia ele ganha. Neste último sábado, Thick me aplicou o golpe do fim de semana - que é quando mais perdura a flauta do vencedor sobre o vencido. Ele me apareceu com uma bandagem na mão e um amigo à tiracolo. E, na maior cara de pau, me apresentou o parceiro:
- Vô, esse aqui é o Bola Sete. Eu cobro os pênaltis, mas ele vai defender por mim...
Eu olhei o goleirão enjambrado. Não parava de aparecer gente na minha frente. Bola Sete deveria pesar uns 135 quilos. Era um gordo espalhado por todos os lados do seu corpanzil.
Entrou embaixo do gol e deixou de sobra, não mais que dez centímetros entre ele e as traves. Bola por cima, nem pensar. Matei no peito:
- Tá bom, bora vamo nessa, companheiro...
Cá pra nós, ele merecia ser chamado de companheiro. Começamos as cobranças. Ele batia primeiro. Converteu quatro e eu também. Bateu o último da sua série: gol! 5 a 4.
Era a minha vez. Fui para a bola e dei uma bicanca! O gorducho nem viu por onde a brazuca passou. Ainda bem, pois se acertasse nele furava. Lépido e faceiro peguei a bola no fundo da rede e fui saindo da quadra:
- Pronto 5 a 5. Empate.
Dei as costas e fingi que não ouvi o Bola Sete perguntar para o meu neto:
- Pô, vale porrada?!?
Na hora do café, o Thick só falou de música e do show da sua banda naquela noite, numa boate do Píer-21 no Lago Sul.