DIA DE MANÉ

Do lado de fora do estádio, 2.300 pobretões infelizes armavam um barraco retumbante contra o governo; do lado de dentro, 71 mil burgueses festejavam o Dia de Mané vaiando estrepitosamente a primeira-mulher-presidenta Dilma Vana. Em casa, longe dali, o ilustre pé-frio ainda ressabiado dos sonoros apupos no velho Maracanã, exultava diante de si mesmo: - Diga, espelho meu, se há no mundo alguém mais feliz que eu.

A MALDIÇÃO

Não queira, jamais, cair em desgraça com o cara. A Maldição do Molusco é malígna. Viu só no que foi que deu a Dilma Vana fechar, assim de repente, aquela sede do governo genérico que Rosemary presidia em São Paulo? De lá pra cá o fogo amigo está ardendo na selva de pedra. Dilma Vana está mais perdida que bala no Complexo do Alemão. 

MODALIDADE PREFERIDA

Dilma foi vaiada só por 71 mil burgueses, porque pobre não entra no Mané Garricnha. Futebol não é mais esporte para plebeu no Brasil; a modalidade preferida pela pobreza ignara é corrida; corrida atrás de bolsa família e pra fugir de bala perdida.

A APOTEOSE

Linda a festa momesca no Mané Garrincha. Foi um carnaval bem comportado. Nada diferente do que o carnavalesco de bom preço produz para as elites Dos camarotes da Marquês de Sapucaí. A apoteose foi a vaia dos 71 mil torcedores de cabelos loiros, olhos azuis e bocas cheias de dentes, já que para cada 10 mil burgueses havia um lá que outro afro-descendente nas acomodações do Elefante Vermelho que agora jaz, inerte, à espera de nova lotação para cobrir o concorrido campeonato candango.

CASA DE PATICUMBUM

Para não dizer que nada acontecerá no Mané Mamute até a “melhor” Copa do Mundo, empresas terceirizadas tratarão de cobrir o espaço de tempo e o gramado do estádio das elites com shows de rock, de rap, paticumbum... Uma grande e lucrativa casa de espetáculos particulares construída com dinheiro público. É que essa gente não precisa mesmo de hospitais.

ATENTAI PARA OS TESTES

Atentai burgueses e plebeus de boa vontade! Assim como a Copa-Cobaia das Confederações é um teste prático para o governo mostrar que pode realizar a “melhor” Copa do Mundo em 2014, as passeatas orquestradas de quebra-pau de hoje são a prova de fogo para o governo provar que pode vencer as eleições do ano que vem - início do fim dos 20 anos de poder que o PT não só ameaçou, como persegue com a faca nos dentes.