O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

13 de jun. de 2013

Ei, Adulador de Malfeitores!

De quando em vez me aparecem pela frente uns beócios de cabeças tão mal feitas que até me encurtam a vontade de enfiar-lhes o pé no traseiro, como os ministros brasileiros gostam de levar à toda hora; bem do jeito que o secretário da Fifa enfiou o pé nos fundilhos do Aldo Rebelo e ele aguentou firme e impoluto, só para continuar ministro do Esporte no Brasil da Copa-Cozinha e da Copa do Mundo.

Ei, adulador de malfeitores! Eu estou brigando com essa pandilha de sevandijas por um Brasil melhor para os seus filhos e seus netos; você defende essa caterva de mensaleiros, quadrilheiros, corruptos, consultores e amantes latinos, por um país que sirva apenas no seu bolso. Se servir, está pra lá de bom.

Olha bem aqui, ó biltre adulador: eu estive nos melhores lugares públicos, para quem gosta e é do ramo. De ministérios a emissoras de rádio e de TV de todos os tamanhos e feitios; de grandes federações e organizações nacionais, agências de publicidade; trabalhei em grandes e pequenos jornais, em revistas de pequeno e médio porte, que revista nunca é grande demais... 

Fui quando quis e saí quando quis. As portas sempre estiveram abertas a quem sabe fazer mais do que faz saber. Não parei muito tempo em nenhum desses lugares: eles só tinham duas coisas para me oferecer, emprego e dinheiro. 

Hoje, depois de mais de 50 anos de idas e vindas, estou aposentado e eles continuam tendo apenas duas coisas para me dar: dinheiro e emprego. Não quero. Continuo não querendo. É pouco. Quero minhas convicções; quero continuar tendo o direito de me indignar. 

A minha aposentadoria que há dez anos equivalia a dez salários mínimos, hoje foi reduzida pelo “fator previdenciário” torniquete estatal inventado por FHC e abençoado por Lula e Dilma, a menos de três salários de um operário brasileiro. Ainda assim valho três trabalhadores. É o valor da minha própria linha editorial. Isso não tem preço.

Para você ter uma idéia, caro adulador, cada um desses mensaleiros que você defende custa de propina mensal mais que uma indústria de médio porte funcionando diuturnamente, 365 dias por ano. Vai ver que é aí que você quer vaga para seus filhos, seus netos, sua família.

Eu aqui, de minha parte, Sobre/vivo de escrever. Escrevo livros a respeito de tudo um pouco: esporte paraolímpico (já são três esgotados nas prateleiras); livros de contos – são dois que também esgotaram nas prateleiras; biografias – lá se vão duas bem contadas e ainda tenho outras tantas por editar; mais romances policiais ou de futilidades e coisas que me dão na telha. É disso que vivo e só disso vou viver pelo tempo que me resta. 

Não preciso de cargos, de salários, de consultorias. Os governos sejam lá de quem eles forem não têm nada para me oferecer. A não ser cumprir as promessas que transtornam cabeças pequenas e gananciosas de quem não enxerga um palmo adiante do nariz.

Ó pulha adulador, bota óculos. Vê se consegue enxergar o que essa pandilha de sevandijas está fazendo com o Brasil que você vai deixar para os seus filhos, seus netos, sua família, seus amigos, para as próximas gerações. 

Bote óculos, mequetrefe adulador e vá passear na praça enquanto o lobo não vem. Melhor que isso, adulador obtuso... Bote tapa-olho e vá correr num desses grandes prêmios que o turfe oferece aos apadrinhados que o governo subvenciona. Banque a cavalgadura – que eles gostam.

Não, não se atreva a ir ao Maracanã, ao Mané Garrincha, a um desses estádios que eles construíram para essa Copa-cozinha das Confederações e para a “melhor” Copa do Mundo que a banda larga das malfeitorias inventou de trazer para cá, onde faltam hospitais, segurança, saúde, educação, transporte... 

Não se meta.  Eles não lhe deixaram dinheiro bastante para o seu ingresso e o ingresso dos seus filhos. Vá ver a Copa na TV. Vá. De tapa-olho.

Para quem ama a lisonja, inimigo é aquele que não é adulador. Seria mais fácil viver nessa democracia da Silva usando, como você, a moeda falsa da adulação que compra a vaidade dos que se apropriaram indebitamente desse País. 

Mas isso acabaria com a minha alegria de viver; eu seria você amanhã.

RODAPÉ – Pelo amor de todos os santos, este não é um recado para um leitor beócio e obtuso, para um biltre, um pulha, um mequetrefe em particular. É um recado a todos aqueles para com quem não perco um único segundo da vida escrevendo alguma coisa.  Afora, infelizmente, este texto; logo este texto que, no momento de colocar-lhe o ponto final já me provoca a sensação de ter perdido um século, uma geração inteira. Azar dos seus, pobre adulador de malfeitores.