Ei, adulador de malfeitores! Eu estou brigando com essa
pandilha de sevandijas por um Brasil melhor para os seus filhos e seus netos;
você defende essa caterva de mensaleiros, quadrilheiros, corruptos, consultores
e amantes latinos, por um país que sirva apenas no seu bolso. Se servir, está
pra lá de bom.
Olha bem aqui, ó biltre adulador: eu estive nos melhores
lugares públicos, para quem gosta e é do ramo. De ministérios a emissoras de
rádio e de TV de todos os tamanhos e feitios; de grandes federações e
organizações nacionais, agências de publicidade; trabalhei em grandes e pequenos
jornais, em revistas de pequeno e médio porte, que revista nunca é grande
demais...
Fui quando quis e saí quando quis. As portas sempre estiveram
abertas a quem sabe fazer mais do que faz saber. Não parei muito tempo em
nenhum desses lugares: eles só tinham duas coisas para me oferecer, emprego e
dinheiro.
Hoje, depois de mais de 50 anos de idas e vindas, estou
aposentado e eles continuam tendo apenas duas coisas para me dar: dinheiro e
emprego. Não quero. Continuo não querendo. É pouco. Quero minhas convicções;
quero continuar tendo o direito de me indignar.
A minha aposentadoria que há dez anos equivalia a dez salários
mínimos, hoje foi reduzida pelo “fator previdenciário” torniquete estatal inventado
por FHC e abençoado por Lula e Dilma, a menos de três salários de um operário
brasileiro. Ainda assim valho três trabalhadores. É o valor da minha própria
linha editorial. Isso não tem preço.
Para você ter uma idéia, caro adulador, cada um desses
mensaleiros que você defende custa de propina mensal mais que uma indústria de
médio porte funcionando diuturnamente, 365 dias por ano. Vai ver que é aí que
você quer vaga para seus filhos, seus netos, sua família.
Eu aqui, de minha parte, Sobre/vivo de escrever. Escrevo
livros a respeito de tudo um pouco: esporte paraolímpico (já são três esgotados
nas prateleiras); livros de contos – são dois que também esgotaram nas
prateleiras; biografias – lá se vão duas bem contadas e ainda tenho outras
tantas por editar; mais romances policiais ou de futilidades e coisas que me
dão na telha. É disso que vivo e só disso vou viver pelo tempo que me resta.
Não preciso de cargos, de salários, de consultorias. Os
governos sejam lá de quem eles forem não têm nada para me oferecer. A não ser
cumprir as promessas que transtornam cabeças pequenas e gananciosas de quem não
enxerga um palmo adiante do nariz.
Ó pulha adulador, bota óculos. Vê se consegue enxergar o que
essa pandilha de sevandijas está fazendo com o Brasil que você vai deixar para
os seus filhos, seus netos, sua família, seus amigos, para as próximas
gerações.
Bote óculos, mequetrefe adulador e vá passear na praça
enquanto o lobo não vem. Melhor que isso, adulador obtuso... Bote tapa-olho e
vá correr num desses grandes prêmios que o turfe oferece aos apadrinhados que o
governo subvenciona. Banque a cavalgadura – que eles gostam.
Não, não se atreva a ir ao Maracanã, ao Mané Garrincha, a um
desses estádios que eles construíram para essa Copa-cozinha das Confederações e
para a “melhor” Copa do Mundo que a banda larga das malfeitorias inventou de
trazer para cá, onde faltam hospitais, segurança, saúde, educação,
transporte...
Não se meta. Eles não
lhe deixaram dinheiro bastante para o seu ingresso e o ingresso dos seus filhos.
Vá ver a Copa na TV. Vá. De tapa-olho.
Para quem ama a lisonja, inimigo é aquele que não é adulador.
Seria mais fácil viver nessa democracia da Silva usando, como você, a moeda
falsa da adulação que compra a vaidade dos que se apropriaram indebitamente desse
País.
Mas isso acabaria com a minha alegria de viver; eu seria
você amanhã.
RODAPÉ – Pelo amor de todos os santos, este não é um recado
para um leitor beócio e obtuso, para um biltre, um pulha, um mequetrefe em
particular. É um recado a todos aqueles para com quem não perco um único
segundo da vida escrevendo alguma coisa. Afora, infelizmente, este texto; logo este texto
que, no momento de colocar-lhe o ponto final já me provoca a sensação de ter
perdido um século, uma geração inteira. Azar dos seus, pobre adulador de
malfeitores.