Do compadrio saltou uma proposta de plebiscito; ninguém tugiu nem mugiu sobre uma reforma moral: Corrupto, não! Ladrão é ladrão, cidadão é cidadão.
O complexo de culpa é tão grande que Dilma Vana, ao invés de procurar uma solução tentou passar a batata quente para as mãos dos compadres que ela chamou ao Palácio. Fingiu que queria dialogar com ministros, líderes parlamentares, prefeitos e governadores e lhes passou um rol de roupa molambenta para que fosse encaminhado à lavanderia mais próxima.
De onde se esperava que nada saísse, foi dali mesmo que nada saiu. Do compadrio saltou uma proposta estapafúrdia de plebiscito para uma reforma política; mais um golpe aplicado por quem não soube sequer fazer mais do que nem lavar a roupa suja em casa até agora. Dilma Vana empurrou com a barriga. Espera que alguém perca tempo bastante para abafar o clamor das ruas.
A coisa foi tão nonsense, tão sem noção, que já na abertura da Cúpula de Crise Dilma Vana deixou a nítida impressão de que se a seleção da CBF ganhar amanhã do Uruguai, Felipão não tem para quem perder nas eleições presidenciais de outubro do ano que vem. Não, Neymar não pode ser presidente. Além de não ser filiado ao PT nem ao PMDB, ele joga no Barcelona; agora é estrangeiro.
O pior de tudo é que, antes de convocar aquela banda de caras largas que lá esteve com ela, Dilma saiu de casa e foi a São Paulo consultar com seu guru, Luiz Erário Lula da Silva que, como sempre que o caldo engrossa, tomou chá de sumiço. Sua voz rouca já não é aquela voz das ruas. Pelo menos até o próximo episódio. Mas falando baixinho ao pé de um ouvido, ele continua um perigo.
Resultado, no day after Dilma só disse besteira boca afora. Falou assim como se todas as mazelas não fossem herança de Lula, mas dos tempos de FHC - outro que o trem não pega - com quem também esteve ela conversando antes de ir falar com o presidente de honra do PT.
Dilma faz que se esquece de que o "governo anterior" era do Lula. Acha que Lula é diferente de FHC e que ela é diferente dos dois. Aí dá no que deu. Em nada. Saiu dos dentes pra fora uma proposta de plebiscito. Pronto! Passou por cima do Legislativo, atropelou o Congresso Nacional, uma vez mais.
E sem a menor necessidade. Bastaria uma PEC da Reforma Política e estava feito o carreto. PEC, se você não está lembrado, quer dizer Proposta de Emenda Constitucional. Isso, num Congresso em que o governo dela tem a maioria, passaria rasgando; com uma mão atrás e outra na frente. E o povo teria a chance de ficar com um pé atrás.
Não o já tradicional pé no traseiro, pé nos fundilhos que esse governo anda levando até do secretário da Fifa; pé atrás no sentido de ficar com o olho vivo e o pé ligeiro. Que não é por nada que esse Congresso é o que é e o que tem sido até aqui... Tudo, menos a Casa do Povo.
Enfim, da reunião de Dilma com seus acólitos malfeitores titulares de governos malfeitos, saiu tudo aquilo que já se esperava: bulhufas. Dilma Vana, bem mandada e cabeça feita, quer pactos por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, educação e transporte. Não falou nada sobre segurança. É que isso ela e eles têm até demais.
Quer dizer, tudo isso que ela agora diz querer - sem dizer porque não fez até hoje - é tudo quanto ela, Lula e FHC tiveram 21 anos para fazer e não fizeram.
Nenhum deles tugiu nem mugiu sobre a urgência urgentíssima de uma reforma moral: Corrupto, não! Ladrão é ladrão; cidadão é cidadão!