"É hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças, enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda".
Lula convoca "movimentos" sociais para ir às ruas. Epa! Lula também não está contente com o governo Dilma. Mais até que isso, Lula está contra o governo Dilma. Eis então que chegou a hora de Lula tomar de volta o lugar que nunca deixou. Ele já não aguenta mais ficar governando e fazendo lobby ao mesmo tempo, lá no seu instituto no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
Sabe quem foi que ele chamou no apito para saírem às ruas e se misturarem com a mobilização popular que está sacudindo os três Poderes da República? Ninguém mais nem menos do que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve).
E, sem medo de ser feliz, disse-lhes que "é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças, enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda". Tradução: o governo dele e da Dilma - dupla no poder há 12 anos - não fez as mudanças que ele e ela prometeram fazer e mais: para Lula, o governo Dilma é de direita, ou então ele estaria enrolando a própria língua mandando o seu bando de manifestantes profissionais "empurrar o governo para a esquerda".
Retrato da patacoada: como ninguém mais lançou o golpe "Volta Lula!" ele mesmo resolveu dar o brado retumbante que já não pode mais calar. E nem é tanto por vaidade e exibicionismo, nem pelo gosto permanente e deslavado em sua boca pelo poder; Lula se atira assim de frente rumo à rampa do Palácio do Planalto, porque se amedrontou até os tentáculos com a verdadeira voz rouca das ruas.
Por causa desse clamor das ruas, o Congresso até decidiu que corrupção é crime hediondo. Crime assim não tem fiança; é cadeia na certa. Lula, muito mais do que ser presidente de novo, está precisando agora é de imunidade outra vez.