O MAIS FORTE ENTRE OS HUMANOS
Se o governo do Rio de Janeiro quer pacificar as favelas implantando no topo dos morros a bandeira das unidades de polícia de pacificação armadas até os dentes, não pode esperar outra coisa da bandidagem armada também até os dentes do que senão bala com bala.
Se o prefeito e o governador de São Paulo mandam policiais armados até os dentes enfrentar manifestantes enfurecidos cobertos de paus e pedras, só podem esperar que numa batalha urbana como essa que o papo vai ser furado com coquetéis molotof, balas de borracha e bombas sem qualquer efeito moral. Ou prático.
Violência gera violência em São Paulo, no Rio, em Porto Alegre, Natal, Maceió, Manaus, Salvador, aonde quer que seja. Não se pode mais é admitir que como o que é justo não é forte, o forte passe a ser justo.
O que se tira daí é que, se o cidadão de bem, de paz, ordeiro e civilizado, tirar mesmo os fundilhos da cadeira e sair às ruas para falar mais alto que as vozes dos palanques partidários, cansativos e gordos de hipocrisia, ele será temido verdadeiramente, porque não usa violência, e sua indignação está protegida pela verdade, a arma mais temida pelos que ocupam os palácios do poder.
Estou convicto de que só assim a justiça e a igualdade social deixarão de ser, como tem sido até agora, a conveniência dos que detém o poder, para pertencer a quem realmente deve ser o mais forte na sociedade dos humanos: o homem de bem.