Pechincha daqui, pechincha dali; empurra daqui; empurra acolá; faz que vai pela direita, faz que vai pela esquerda e acaba fondo pelo meio, o Brasil tá com tudo e não tá prosa para sair ganhando nessa velha e estranha história de comprar aviões para a FAB.
Ainda mais que agora, diante do rebuliço no Paraguai, o poderio aéreo brasileiro precisa ser reforçado: vá que, revoltados com os puxões de orelha que têm levado do governo brasileiro, os novos governantes resolvam ficar belicosos e nos desafiem a defender a volta de Fernando Lugo ao trono?
E vá também que esta nossa metida de fuças lá na vida deles se transforme, de repente, em uma outra Guerra do Paraguai? Nós não vamos querer perder de novo, né não?!?
Então, eia pois e mister se faz que nos aprecatemos para tal eventualidade, tão desconfortável quanto seria o desconforto de Luiz Erundina ao lado de Paulo Maluf num palanque pela prefeitura de São Paulo.
E, por essas voltas do destino, eis que cansados do nosso nhénhénhém com a França -alta transa iniciada com Lula e Sarkozy que passou raspando por Jobim e está nas mãos de Amorim - os Estados Unidos resolveram criar asas pra cima de nós.
Decidiram que vão nos vender 36 caças F/A-18 Super Hornet, da Boeing. Nada que não seja melhor que os caças Rafale para os quais os especialistas do Ministério da Aeronáutica sempre torceram o nariz.
Para que não haja mais delongas e para não perder a ocasião, os americanos estão dispostos a incluir em sua módica proposta, com inhapa, um Boeing 747-800 novinho em folha para uso da primeira-presidenta-voadora da República, dona Dilma.
Não é nada, não é nada, esse Jumbo aí que vem de contrapeso é igualzinho ao "Air Force One" usado pelo presidente americano toda vez que ele voa por aí vestido de xerife do mundo. E inhapa é cortesia, nada parecido com propina.
Para que se tenha uma ideia, toda vez que meu pai me dava dinheiro pra abater a conta do caderno no armazém Ao Arco Íris, a gente ganhava como inhapa do Seu Nelinho, dono do estabelecimento, uma caixinha de goiabada-cascão, ou duas latas de sardinha.
Imagine hoje dona Dilma levando da Boeing um Jumbo de inhapa. Agora vai!
