Era uma vez... uma pandilha de sevandijas que fraudava o orçamento da União. Seus integrantes eram conhecidos pelo vulgo como os anões do orçamento. Naquelas priscas eras, eles tinham predileção por três formas infalíveis de achaque.
Na primeira, os ínclitos parlamentares faziam emendas remetendo dinheiro para entidades filantrópicas ligadas a parentes e laranjas.
Na segunda e mais usual, os deputados se acertavam com grandes empreiteiras para a inclusão de verbas orçamentárias para grandes obras, em troca de grandes comissões.
Na terceira maneira, mais descarada e promíscua, cobravam propina dos prefeitos para incluir uma obra no Orçamento ou conseguir a liberação de uma verba já prevista.
Um dos mais descarados, João Alves - que já se foi desta para a melhor - justificou o seu enriquecimento meteórico com a sorte que Deus lhe deu: acertava um dia sim e outro também na jogatina oficial do Brasil, as Loterias da Caixa.
O cara até já se mandou daqui e tudo ficou por isso mesmo. Uma coisa é certa: não morreu de fome. Morreu porque, ao contrário da maioria da população, tinha onde cair morto.
Hoje, a coisa evoluiu. Mesmo com a manutenção da velha prática dos anões, o bando agora cresceu em todos os sentidos: se o safardana não monta uma imobiliária, abre uma consultoria; se não faz nem uma nem outra, vende a alma como lobista e compra o que bem entende como mercador de influência. Se é um pouquinho mais ousado, abre uma lavanderia de palestras enxutas.
Assim é que o palestrante de hoje é a versão moderna do sortudo da loteria de ontem.