QUANDO PODEM, PODEM DEMAIS
Um dos maiores ir/responsáveis pela barbárie na Arena Joinville foi o douto promotor de justiça que aplicou a letra fria da lei e decidiu que o jogo Atlético-PR x Vasco da Gama, não precisava de segurança pública: era um evento de inciativa privada.
Para ele, um jogo dentro de um estádio ocupado por milhares de torcedores ensandecidos, com os nervos à flor da pele, em que ninguém conhece ninguém, em que todos desconhecem todo mundo, não é um barril de pólvora com o rastilho aceso. É só mais um "evento de iniciativa privada", o Estado não tem nada a ver com isso. Esse promotor se julgou tão poderoso que se fez capaz de condenar à mesma selvageria fanáticos bandidos e torcedores inocentes.
Menos mal fizeram ao espetáculo e à sociedade os torcedores selvagens do que esse paladino da lei que ele próprio adota como a sua justiça.
Ele foi e, pelo visto, por zarolho, continuará sendo um dos maiores ir/responsáveis por espetáculos deprimentes e criminosos como a brutalidade desse domingo, num estádio que se consagrou definitivamente como uma arena. Um arena desumana, selvagem, de alta periculosidade.
É por poderosos de ocasião assim que a Justiça sempre corre perigo: ou por parte da lei, ou por causa de um possante e intocável julgador que decide entre a guerra e a paz nesse Brasil da Silva, fora de controle que não sabe exercer o direito de mando. Nesse país, sempre que alguém pode; pode demais.