PAÍS BEM SEM-VERGONHA
País bem sem-vergonha é aquele em que deputados e senadores que ganham mais de R$ 150 mil mensais, fora o alho e as maracutaias, decidem quanto deve ser o salário mínimo dos seus trabalhadores.
É preciso uma nação andar de joelhos para dar respeito e legitimidade a um ato público imoral, safado e hipócrita como o deboche de um parlamento, sem um pingo de credibilidade, estabelecer um reajuste de 6,6% nos ganhos do operariado, quando na semana passada o governo enfiou 8% de aumento no preço do diesel que abastece o transporte rodoviário do país e faz respingar óleo sujo de inflação em cima de tudo que chega à mesa do seu povo.
País bem sem-vergonha, sem caráter, sem coluna vertebral, sem alma e sem coração é aquele que não reage contra um governo que aplica o maquiavélico fator previdenciário nos ganhos de quem se aposentou com mais de um salário por mês. O governo desse país de canalhocratas se excita, relaxa e goza cada vez que, diante do precipício, ordena um ancião dar o passo a frente.
Só um povo vencido pela mentira, pelo engodo e pela falácia, não se dá conta de que, em pouquinho menos de três décadas de uma farsante república, os governantes maquiados de redemocratizadores dividiram o país em duas espécies de habitantes: políticos e pessoas.
E, como se não bastasse, os políticos estão repartindo as pessoas em castas que, hoje têm o apelido de cotas que se sustentam à base bolsas que guardam os mais variados e humilhantes tipos de esmola.