Mãe do PAC deu pontapé no Mané Garrincha; fomos todos chutados;
Ao dar um chute de revesgueio para entregar as obras do Mané Garrincha, em Brasília, a primeira-mulher- presidenta Dilma Vana incorporou o espírito lulático e criticou na manhã deste sábado (18), longe do aplauso da torcida, o que ela chama de "pessimistas de plantão".
Ela estava inaugurando, a menos de um mês do início da Copa das Confederações, apenas mais uma obra inacabada, como é de seu gosto e feitio.
O estádio vai ser palco iluminado do jogo de abertura dessa Copa que é um calhambeque na corrida das competições internacionais. O programa anuncia para o próximo dia 15 de junho, o formidável confronto entre a seleção da CBF e do Japão, um time em que todo mundo é japonês.
E então falando como quem dá os trâmites por findos, a aprendiz da superstar Marta da seleção feminina, jogou pra torcida: "Esse estádio mostra a capacidade que nós brasileiros temos, juntos, de realizarmos aquilo que muitos pessimistas de plantão dizem sempre que nós não somos capazes. Por isso, a gente vai acumulando vitórias". Faltou jogo de cintura.
Como assim, "a gente"? A gente quem, cara pálida? Esse monstrengo não tem valor residual nenhum; nem popular. Vai servir para cambistas fazerem a festa e para os pobres se acomodarem com os seus filhos ao redor do opulento estádio só para ver os filhos dos ricos indo aos shows que os empresários prometem realizar dessa Copa em diante.
O Mané Garrincha, com capacidade para 72 mil torcedores foi erguido ao custo de R$ 1,2 bilhão. Esta foi a sua terceira "inauguração", eis que ele teve sua inauguração adiada duas vezes e ainda está inacabado. Inacabado e pronto para mais uma ou duas inaugurações.
O que menos importa nessa obra faraônica e megalômana do estádio Mané Garrincha - nome que Agnelo Queiroz não conseguiu apagar com a sua politiquice - é que ele seja bonito, grande, acabado ou por jamais chegar a tanto.
O que se quer saber, nessa hora de susto pelo pontapé que a Mãe do PAC deu na bola para inaugurar a pedra fundamental de mais uma obra inconclusa, é como um governo pode atirar para o alto R$ 1 bilhão e 200 milhões e ainda festejar o grande feito.
O que se quer saber é como se prioriza uma farra dessas, numa cidade que nem joga futebol, em detrimento de hospitais, postos de saúde, escolas decentes, transporte coletivo urbano digno, postos policiais para assegurar a vida na capital do País e seu Entorno de alta periculosidade.
O que importa é saber quanto dessa dinheirama está escondido sob o gramado que vai ser trocado para a Copa de 2014, a um custo hoje estimado em R$ 4,5 milhões; um gramado que, em tudo e por tudo, se parece com um tapete voador e que até o dia de alçar voo pode sair pelo dobro, ou pelo triplo do que hoje é estimado.
Pode sair é bondade; vai sair pelo dobro ou triplo, bem do jeito com que os R$ 500 milhões iniciais desse estádio pularam para R$ 1 milhão e 200 milhões, inaugurando de fato a nação dos manés. Hoje, uma vez mais, fomos todos chutados.
Ah sim, neste sábado, o Brasiliense foi campeão candango.