Ah, aquela verruga no lombo do boi zebu...
Começam nesta segunda-feira de maio, dia 13 do ano 2013, as inscrições do Enem desta temporada. O Ministério da Educação estufa o peito e enche a boca ao estimar que mais de 6 milhões de estudantes devem se candidatar às provas marcadas para os dias 26 e 27 de outubro. A coisa começa pela internet e vai até o dia 27 deste mês que já está pela metade.
Então está bem. Dito assim pelo MEC, o Enem é muito bonito. Mas, no fundo, no fundo, você que vê, lê e escuta essas coisas nem está sabendo mais para o que é mesmo que serve esse monstrengo criado em 1988 sob a alegação de avaliar a qualidade da educação nacional.
E como é invenção de 88, escapa das investigações da melíflua e inoperante Comissão da Verdade. Em todo caso, o Enem é só mais um atentado aos direitos humanos que já foi absorvido pela embasbacada população brasileira.
Cá pra nós, se o Enem fosse do mundo animal irracional não seria mais do que aquela verruga no lombo de um boi zebu. É uma excrescência que, pela força do costume, acaba servindo de referência para indicação da exótica espécie.
Recordemos pois, para que não façamos parte dessa manada: Enem quer dizer Exame Nacional do Ensino Médio. Trata-se de uma prova realizada - e sempre muito mal - pelo Ministério da Educação, como se ele entendesse disso.
Nasceu para para avaliar a qualidade do ensino médio no país e, como consequência tão grave quanto funesta para o saber da nossa brava gente brasileira, o seu resultado serve para acesso ao ensino superior (?) em universidades públicas através de um arremedo de vestibular que atende pela gloriosa sigla SiSU que, trocada em miúdos, quer dizer Sistema de Seleção Unificada.
O Enem é o maior exame do Brasil e o segundo maior do mundo, atrás somente do vestibular chinês. Ele conta com mais de 6 milhões de inscritos distribuídos em 1.698 cidades do país. Tem sido também o maior descalabro em matéria de des/controle a fraudes, colas, burlas e conteúdo.
Há quem faça o Enem com o interesse único de ganhar bolsa integral ou até mesmo parcial em universidades particulares, via ProUni, o popular Programa Universidade para Todos, um slogan de peso nos palanques eleitorais. Tão pesado quanto o retumbante lema Luz para Todos que você já sabe no que deu e como está.
Outros só fazem a prova de olho nos financiamentos do Fies - mais uma abreviatura governamental que abriga o simpático Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior.
A roupagem é cheia de pompa e circunstância. E agasalha outras boas ideias de péssima conclusão: desde de 2009, o exame se presta também para garantir o certificado de conclusão do ensino médio em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), antigo supletivo.
Vale para isso, ainda que o jovem ou o adulto não saibam muito mais do que escrever um Ó que é redondo, uma receita de Miojo, ou um gol do Corinthians. Basta que, pelo menos estejam em níveis dos conhecimentos e saberes humanos ou científicos de qualquer presidente da República.