Se é para falar de qualquer coisa dessa vida brasileira que a gente está levando, então vamos meter o pé na estrada. Na estrada, na rua, no trânsito, no transporte coletivo, urbano, interurbano, de caminhão a carro; de moto a bike...
Pé na estrada...
Quantos caminhões foram assaltados este ano no Brasil? Quantos roubados que não voltaram mais? Quantos caminhoneiros já eram? Quantos foram sequestrados e sumiram com as cargas? Quanto de pedágio vem sendo tirado de cada motorista à justa (?) medida do tamanho dos eixos de cada veículo?
Bolas, estou só perguntando.
Pergunte você ao governo, pois ele tem a história oficial. E de mais a mais, suas fontes fidedignas não andam de caminhão há muito tempo.
Qualquer coisa, qualquer dúvida, libere o seu jeito Rose de ser e pegue carona num dos aviões palacianos e fique sabendo tudinho e muito mais do que quer saber agora. Se o voo for rápido demais e ainda lhe restarem dúvidas, use o telefone como Rose usava, antes de ser chutada pra escanteio. Dá pé.
Pé na estrada ainda...
Quantos ônibus urbanos foram incendiados, no Rio, em São Paulo, Paraná, Santa Catarina?
Quantos taxistas foram mortos, quantos foram assaltados e sequestrados?
Quantos ônibus interurbanos com sacoleiros e sacoleiras foram detidos pela polícia rodoviária, enquanto caminhões com toneladas de contrabando, cocaína, maconha e outros perfumes escapavam incólumes por estradas alternativas?
Bolas, estou só perguntando. Pergunte você ao governo, pois ele tem a história oficial. Os números e as estatísticas - assim como as pesquisas eleitorais - são todinhos deles, valem como verdade definitiva. Pergunte, se você quer mesmo saber.
Na rua, no asfalto, nas faixas de pedestres, nas ciclovias, nas calçadas, nos corredores de ônibus...
Quantas motos já lhe podaram a frente hoje? Quantos motoqueiros já lhe apontaram o capacete como arma e máscara a um só tempo?
Quantos já morreram e quantos estão paraplégicos ou tetra? Quantos ciclistas você já viu passar voando sobre o capô do seu carro, ou do motorista que ia ali na sua frente?
Bolas, estou só perguntando. Quer saber, vá perguntar você aos especialistas do governo. Pergunte por que eles fingem não ver os motoqueiros andando pelo corredor da morte, tirando fininhos de cada veículo a sua frente, ao lado, às costas. Pergunte por que as des/atentas autoridades não se fazem respeitar diante de tanto desrespeito.
Pergunte quem teve a ideia de jerico de criar ciclovias em ruas, avenidas e vias expressas de grandes cidades como se o carro, o ônibus, o caminhão, a moto não fossem armas letais nas mãos de seus condutores? Que sabedoria! Isso aqui, por acaso, é a China?
Só eles não sabem que a lei de trânsito no Brasil é a lei do mais forte: caminhão bate em carro; carro bate em moto; moto bate em bicicleta; bicicleta atropela pedestre em cima da faixa de segurança. E se bobear, pedestre jovem dá encontrão em transeunte idoso, apesar do risco de levar uma bengalada.
Pergunte de onde foi que eles tiraram a idiotice de pensar que motos e bicicletas podem conviver pacífica e cordialmente em megalópolis como Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador e todas as capitais e cidades de porte médio desse Brasil que não tem rumo e pensa que moto e bike são soluções para desafogar o trânsito caótico.
Vá perguntando. Eu estou perguntando só por perguntar. Enquanto isso, me diga aí, quantas pessoas morrerão hoje no Brasil por acidente de trânsito?
Se você quer saber, assim por um cara que treme de medo de atravessar uma rua e fica todo arrepiado quando dirige aqui nas vias expressas de Brasília em horas de pique, então eu lhe digo - com base em levantamentos oficiais feitos sob encomenda pelo governo: morreram ontem 118 - só para manter os cálculos oficiais que dizem haver 43 mil mortes no trânsito por ano.
E os caras ainda querem que o passageiro troque o táxi pelo motociclo de aluguel. Nem se dão conta de que o mesmo capacete é usado - com lêndea, piolho, parasita, suor - por todo santo caroneiro que usar o mototáxi como transporte alternativo. E de quebra, a sua mulher ainda tem que fazer do piloto desconhecido uma espécie de cinto de segurança, agarrando-se nele pela cintura.
E os caras querem que o brasileiro troque o automóvel, o transporte particular, o ônibus urbano pela bicicleta. Além de extremamente arriscado, ir de bicicleta todo engravatado para o serviço é um descalabro.
Se o ciclista eventual é chefe, os subalternos que aguentem o seu cheiro de suor; se é subordinado, vai ser corrido da sala pelo patrão até que tome um bom banho e aprenda a ser asseado.