Idealizando
Há exatos 47 anos botei o pé na estrada em busca, entre outras coisas, das minhas idealizações de maravilhas fora das fronteiras da Freguesia de São Francisco de Paula. Ontem encerrei a lista com um toque de mão na pedra do Portão de Branderburgo.
Antes, há muito tempo, cheguei às Pirâmides e à Esfinge de Gizé. Fotografei as colunas de Baalbek. Em Jerusalém ajoelhei no Santo Sepulcro e pisei na pedra do Lisóstroto. Atravessei a porta de Damasco, na Síria. Na areia enxerguei e toquei no que sobrou das muralhas de Jericó. No Louvre contemplei a estátua egípcia do Escriba. Em Toledo, na sacristia da catedral, vi uma coleção de El Greco que me deixou com a boca mais aberta do que o atual. Em Roma vi o que sobrou do local onde Júlio César foi apunhalado no Senado romano e vasculhei o Coliseu por dentro e por fora.
Com o desabafo de coisa feita repito que estou em Berlim onde tudo funciona.
Há calçadas tão amplas e limpas que até mesmo aqueles enormes carros Mercedes-Benz, BMW e Audi podem estacionar em filas muito organizadas. Sobram amplos espaços para os pedestres. Deve ser um novo capítulo na sempre mutante organização germânica.
Por aqui dizem que as lâmpadas de tão boas não queimam e até mesmo meu velho notebook, modelo Panzer de Von Rommel, parece um foguete da NASA, destes de última geração, que não falham nunca e vão pro espaço soltando aquele fumacinha branca.
O chaveiro do hotel é de chumbo com borracha no estilo cassetete. Por isso, é recomendado deixá-lo na recepção para evitar algum flagrante de porte ilegal de arma. A Primavera chegou e a população circula sorridente.
Carlos Eduardo Behrensdorf
De Roma
RODAPÉ - Vamos que vamos que ainda há viagem pela frente.