ELES NÃO LEMBRAM MANDELA
A propósito das ilações e dos aconchegos quem vêm sendo tentados, traçando comparações com a cadeia dos mensaleiros e os abanos de Lula da Silva deixa eu lembrar uma coisinha pra vocês: essa vesguice tártara ofendeu os brasileiros pela primeira vez em maio de 2010, durante mais um dos infindáveis comícios eletrônicos do PT protagonizados por Lula da Silva, o que nunca largou o osso.
Naquele programa de propaganda eleitoral enganosa, Lula da Silva - que um dia se equiparou a Jesus Cristo - conseguiu então se superar e apunhalou de frente a verdade: “Uma parte da história da Dilma me lembra muito a do Mandela”.
E com a carantonha que lhe foi dada por Deus, pai de Cristo e dele, por suposto, Lula foi em frente: “Uma vez o Mandela me disse que só foi para o confronto quando não deram outra saída para ele”.
Peraê, mermão! O que é isso, companheiro?!? "Uma vez o Mandela me disse...". Como assim? O quê? Quem? Quando? Como? Onde? Por quê?
E naquela mesma pantomima eletrônica, poucos segundos adiante, apareceu a margarida olé, olê, olá dizendo que “Eu lutei, sim. Pela liberdade, pela democracia”. Era Dilma emendando uma mentira na outra.
Quiuspa! A isso é que se chama de estupro eleitoral! Chutaram as canelas de Mandela - o mais nobre filho da África do Sul, o pai da nação sul-africana!
Ele lutou pela igualdade social e não pelas cotas raciais; ele lutou pela liberdade e não pela troca de uma ditadura por uma democracia própria adequada as suas ambições, como estão fazendo esses redemocratizadores de cordel. Nelson Mandela foi a pura liberdade alcançada pela paz.
Mandela não trocou uma ditadura pela ditabranda dos vencedores. Ele simplesmente venceu pela paz. Pela liberdade de credo, de pensamento, de expressão. E quando a maioria esmagadora foi sua, jamais tripudiou em cima da minoria branca. Só porque isso não seria liberdade; só porque isso não seria democracia; só, porque isso não seria igualdade nem justiça.
Mandela não perseguiu os que perseguiam, quando estes já não tinham força para serem perseguidores. Mandela conseguiu a paz e a liberdade de seu povo repartindo ideais com os vencidos. Não fez de seus adversários reles inimigos.
Nelson Mandela foi um estadista. Não se deixou contagiar pelos vícios dos vencedores. Não se deixou contaminar pela vaidade, pela mosca azul do poder, pela corrupção, pela ganância pessoal. Mandela partiu deixando uma esteira de honestidade e austeridade.
Morreu, no aconchego do seu lar, na pequena aldeia onde nasceu há 95 anos, longe do poder que devolveu a dignidade racial a seu povo; perto da grandeza humana que só os gênios da bondade podem desfrutar.
Esses presidiários que aí estão e os muitos que ainda estão por entrar em cadeia com seus pares e ímpares não têm nada a ver com os 27 anos de reclusão que serviram para reforçar a têmpera de um homem inigualável. Esses malfeitores, uns presos e a maioria ainda solta, não merecem 27 anos de cadeia. Precisam de prisão perpétua. Não são dignos de viver em sociedade.
Lula não lembra Mandela; Dilma não lembra Mandela. Nem um, nem outro, sabem o que é ser Nelson Mandela na vida.