De posse de um salvo conduto, Zé Dirceu logo tratará de apropriar-se na mão grande da máquina ministerial que tanto tempo e tanta dor de cabeça deu à primeira-mulher-presidenta para montar.
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Juntar ministros é montar o bloco que dá vida e força aos caciques dos partidos; dominar partidos é adonar-se de governos.
Para chegar a tanto e tão pouco, Zé Dirceu vai colocar em prática a "estratégia de coalização" que Lula implantou com tanta eficácia, logo depois que Roberto Jefferson atirou os mensaleiros na pá do ventilador.
Escancarada a bandalheira das módicas mensalidades de 30 dinheiros para deputados e senadores líderes de siglas partidárias, Lula tomou outras providências. Mais caras e mais ágeis, até que conseguiu azeitar as engrenagens na Esplanada dos Ministérios e em todos os corredores de organismos de defesa do cidadão transformando-os em núcleos de domínio social.
A esse nível cloacal, tudo é só uma questão de compra e venda; de toma lá e dá cá; de qual é o preço; qual a moeda. Pode ser em dinheiro vivo ou morto; Caixa-2 ou recurso não contabilizado; em cargos públicos e notórios ou apenas fartamente terceirizados.
Quanto isso já custou e está custando aos cofres da nação, ninguém mais pode calcular. O ralo continua dando vazão aos rios de dinheiro que rolam pelas cloacas da República.
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Mas é em cima disso que está plantado o poder de barganha do governo que se arrasta já há dez anos de lá pra cá, sem realizar sequer 10% de tudo quanto prometeu - de 6 mil creches a 3 milhões de residências; da transposição do São Francisco ao lampeão de gás ali na calçada defronte.
E então é isso. Se o julgamento do Mensalão for mesmo o festival de absolvições que tem tudo para ser, Zé Dirceu vem com tudo. Vai pegar os ministros pra ele e, de consultor e advogado vai virar engenheiro de obra pronta: derruba a construção governamental de Dilma Vana e, como novo dono da estrutura administrativa(?!) do País, pega o partido pra ele e aí, PT saudações.
Dilma Vana não diz, mas torce freneticamente para que, no caso de Ali Babá, Zé Dirceu e seus mensaleiros, o Supremo Tribunal Federal torne realidade o velho e desacreditado aforisma de que "a Justiça tarda, mas não falha".
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Torce, não por convicção moral e ética; torce, porque do contrário já sabe que daqui pra frente será o início do fim da paz que gostaria de ter e o triste começo de uma interminável enxaqueca, mais conhecida como uma contínua dor de cabeça.
Tudo pode ser provocado pela mão de Zé Dirceu, aquele que já jurou ter por Lula "uma fidelidade canina". Zé vai fazer valer o outro velho aforisma "o cão é o melhor amigo do homem". Com esse "melhor amigo" solto pelo Supremo, Dilma já sabe que para 2014 Lula é "o homem".