Esse marasmo todo com que os advogados de defesa dos mensaleiros conseguiram contaminar o julgamento do Mensalão, pode acabar na semana que vem.
É que Luiz Francisco Barbosa, advogado de Roberto Jefferson (PTB), vai tentar convencer os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de que Lula sabia de tudo e era o chefe do que acabou se transformando no maior escândalo de todos os governos brasileiros.
Barbosa vai pedir aos juízes a inclusão de Luiz Erário da Silva, o Lula como réu no Mensalão, hoje chamado de bom grado pelos petistas como Ação 470.
Barbosa vai pedir a suspensão do julgamento para que se procedam novas diligências para investigar Lula. A coisa assim começa a ficar bem melhor para o Brasil e bem pior para Lula.
Barbosa, na pior das hipóteses, deve conseguir que seja aberto um novo processo em que o ex-presidente da República - que nunca andou numa Fiat Elba - seria acusado em separado. De uma certa forma, o advogado de Bob Jeff está desmembrando o julgamento.
E ele argumenta, sem papas na língua, que Lula sabia de tudo e era mesmo o grande chefe, em uma entrevista concedida à versão virtual da revista Veja: "O procurador-geral da República sugeriu que o presidente, que tem até título de doutor honoris causa, fosse um pateta. Mas ele tinha domínio de tudo".
Na realidade, isso pode ser apenas um grande factóide. Barbosa deve dar com os burros n'água; seu pedido vai dar na trave. Em todo caso, ele alega que os três ex-ministros citados no processo, Anderson Adauto, Luiz Gushiken e Zé Dirceu, não tinham poder para enviar ao Congresso projetos de lei. E o defensor de Jefferson imagina: "Assim, Lula seria o maior interessado no funcionamento do esquema".
Barbosa também desenterra um assunto que foi morto e sepultado pela costumeira vocação de coveiro que o PT demonstra quando o perigo anda rondando: o envolvimento do governo Lula com o banco BMG.
O advogado lembra que Lula, com o seu então poder presidencial, assinou a lei que alterava as regras para a operação de crédito consignado a aposentados. Para Barbosa, o BMG, até então carta fora do baralho e do mercado, passou a participar do negócio com o auxílio do governo, que enviou cartas a mais de 10 milhões de aposentados, convidando-os a tomar dinheiro emprestado.
O advogado lembra ainda que por muito tempo o serviço foi exclusividade do BMG que ganhou os tubos que pareciam cair do céu: "Em um ano, o BMG fez cinco vezes mais negócios do que a Caixa, que tinha um número de agências muito maior", disse o advogado. Daí pra frente foi que o BMG teria começado a irrigar valerioduto.