O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

6 de ago. de 2012

Defesa faz de Zé Dirceu um debilóide

E dizer que Zé Dirceu passou sete anos como suspeito de ser o "chefe da quadrilha" do Mensalão, para ser defendido do jeito que foi nesta segunda-feira, 6 de agosto de 2012, pelo criminalista José Júlio Juca de Oliveira Lima... Com ele, se Zé Dirceu sair ileso deste processo terá ganho o ovo e perdido a galinha.

Vai ver que ele bem o merece. José Júlio - que até se expressa bem, sem os cansativos riquefafes da terminologia jurídica - apegou-se à falta de provas do libelo crime acusatório do procurador-geral Roberto Gurgel.

E tentou demonstrar e rebater ponto por ponto, a falta de provas e a ausência de testemunhas da acusação.

Apontou então, ele próprio, testemunhas frágeis pelo seu comprometimento como figuras subalternas a Zé Dirceu no PT ou no governo. E contrapôs o arrazoado do Ministério Público com depoimentos de personagens diretamente interessados em negar a existência do esquema criminoso que Lula insiste em dizer que não via, não sabia, nem havia.

O advogado falou com a pose da convicção de que os ministros do Supremo devem ser todos agradecidos ao governo Lula pela toga que hoje ostentam.
Dirigiu-se a eles como se, ao saber de suas razões, a própria nação brasileira acreditasse, com profundo e compulsório sentimento petista que Dirceu - um safo consultor de grandes negócios públicos e privados - é um babaca da mesma estatura do então cego, surdo e mudo presidente da República, a quem seu cliente confessou servir com "fidelidade canina".

Carregando nas costas o peso e não a vergonha de ter saído pela porta dos fundos da Casa Civil, de ser cassado como deputado e de ser tido e havido como "chefe da quadrilha" dos corruptos do maior escândalo da história dos governos do Brasil, Zé Dirceu esperou de 2005 até hoje para ouvir seu defensor pedir para que seja absolvido.

Talvez não esperasse que seu advogado chegasse a tanto: Juca pediu sua absolvição deixando claro, nas entrelinhas de sua peroração que ele, Zé Dirceu, se trata de um ingênuo, de um débilóide de tal prejuízo intelectual, de tamanha incapacidade mental que não merece cadeia. Precisa é de ressocialização em um manicômio judicial.

Se for absolvido pelo Supremo por falta de provas, Zé Dirceu já estará condenado pela sua própria defesa: é um pateta, um nécio, um desses portadores de personalidades enganosas que, pelo lustro exterior, aparentam ser uma coisa e são outra; assemelham-se por um tempo a intelectuais que não conseguem esconder seu talento para a sitemática e organizada vigarice.

E quem deixou isso escancaradamente explícito foi a defesa de Zé Dirceu que agora, se sua capacidade intelectual alcançar, já deve estar sabendo que deveria ter tido muito menos medo da causa do que do seu próprio defensor.

RODAPÉ - Com o tempo que teve e, sendo advogado como é, Zé Dirceu deve ter lido e relido, linha por linha, ponto a ponto, todo o catatal do seu ilustre defensor. Por isso mesmo, a última coisa que merece é cadeia. A alternativa de ressocialização é cada vez mais plausível.