É o que não param de cantar, nem tão alegremente, esses anfíbios integrantes de uma saparia de pelo menos 38 anuros que saltitaram dos ramos úmidos das bromélias onde se refestelam, rumo à Praça dos Três Poderes.
Sob a batuta do mestre sapudo, com letra e música do anuro Dirceu, jias, sapos, rãs e até girinos ensaiaram o vocal e começaram a cantar gargarejantes pelos canteiros do Supremo Tribunal Federal, lugar em que não serão caçados e nem cassados a partir de 2 de agosto, o Dia do Desgosto. Do desgosto para os brasileiros de boa vontade que terão que engolir sapos e mais sapos, outra vez. Dia do Perdão para a sapatada, eis que começa o processo de absolvição da espécie que sempre escapa aos pulos.
Há quem acredite na presença de desafinados na orquestra saltitante. São os que querem saltar fora antes que sua porção feminina seja fritada e servida como petisco à milanesa. Esses sapos menores não querem servir de entrada para o banquete dos que escaparem da panelada que merecem.
Preferem que todos sejam servidos de bandeja numa tradicional e bem mexida sopa de rãs. Uma caldeirada de pelo menos 38 delas.
O que nenhum desses girinos - que nem chegam a sapo - não quer de jeito nenhum é virar bode expiatório. Para isso e, se preciso for, vira traíra. Esse espinhoso jogo de empurra-empurra pode ser a salvação do lamaçal que circunda o pântano da Esplanada dos Ministérios.