Assalto a ônibus, sequestro de professor em estacionamentos de supermercados, roubo em casas de gente humilde de subúrbio em que na fachada está escrito em cima que é um lar... A insegurança é tanta e tão descarada que, nesse Brasil desbraguelado, pobre rouba de pobre.
Essa bandidagem desenfreada acaba provocando nas pessoas de bem, no cidadão comum, aquele espírito malúfico que há nos recônditos da alma humana:
- Pô, estupra mas não mata!
Vendo esse drama cotidiano de não se poder mais botar o nariz pra fora da porta, de não saber se os filhos voltam pra casa, de não ir à padaria, ao bar da esquina tomar uma birita sem correr o risco de levar uma bala perdida na cara, a gente pula o que determina o bom senso e a obediência às leis para virar conselheiro de bandido:
- Seus sacanas, nos deixem em paz! Vão assaltar a Esplanada dos Ministérios, vão pular os pátios das Assembléias Legislativas, vão roubar, sequestrar e ameaçar quem tem dinheiro; quem tem vida mansa e não precisa trabalhar amanhã!
O diabo é que fica só na vontade. Não dá para os homens de boa vontade se igualarem a esse bandidos chinelões, desengravatados e burros.
Tão burros que só eles não entenderam ainda que o perigo de um assalto, de um sequestro, de um roubo à mão armada contra um pobre trabalhador é tão perigoso e tem a mesma pena de cadeia quanto atacar um desses caras podres de rico que tomam o que é nosso todos os dias. Mas que dá vontade, dá.
Um dia os malufs, delúbios, lupis, rossis, nascimentos, orlandos, caloccis, dirceus, mensaleiros, consultores, bandidos de toga e os luláticos que vivem dentro de nós se revoltam e vão à luta para equilibrar um pouco essa sociedade em que todos deveríamos ser "iguais perante a lei".