Dinheiro da TV vira Bolsa Família
Moisés PereiraPorto Alegre
Os campeonatos regionais já começaram. Em Pernambuco e no Rio Grande do Norte a bola já está rolando. Amanhã inicia o Campeonato Gaúcho. O Campeonato regional é uma particularidade brasileira. No Rio Grande do Sul e, penso que nos outros estados tem como suporte a Televisão preenchendo a programação nos primeiros meses do ano.
Para o tamanho dos times que disputam o Campeonato gaúcho, fora a dupla Gre Nal, não é pouco o que a TV paga, pelo contrário são valores bem significativos considerando-se que a folha de pagamento é irrisória.
Não é aquele campeonato dos velhos tempos com os times tradicionais como Gaucho e 14 de Passo Fundo, Guarani e Bagé, de Bagé, Aimoré de São Leopoldo. Até o Brasil de Pelotas de imensas tradições esta fora do Campeonato.
Parece-me que os dirigentes dos clubes não estão direcionando os recursos da TV no sentido de desenvolver uma política de futebol que favoreça o seu crescimento limitando-se a equipes de emergência que são diluídas três meses depois quando termina o certame.
Observa-se que o investimento tem como foco jogadores veteranos cujo retorno é quase sempre duvidoso. Agora o São Jose de Porto Alegre contratou Fabiano Eller, zagueiro que correu o mundo é está em fim de carreira, o Novo Hamburgo trouxe Rodrigo Mendes e Diogo Rincon que esteve no Pelotas e foi dispensado porque era dependente, e não era do cafezinho do Aquário como o meu amigo Pedro Curi, o Dr.Habeiche e outros,e o Pelotas inscreveu George Lucas que também não é para fazer cinema, o Caxias terá Patrício com 36 anos.
Pelo Brasil a fora Tulio Maravilha, Rivaldo, Arilson, Aluísio Chulapa, Jardel, Paulo Isidoro e outros continuam em atividade e fazem dos regionais, trampolim para contratos na segunda divisão do brasileiro.
Penso que se os clubes utilizassem os recursos da Tv organizando as divisões de base, criando infra-estrutura para um trabalho a médio e longo prazo teriam time para o ano todo e possibilidade de formar atletas e equipes competitivas com retorno possível na comercialização desses jogadores.
O imediatismo é desaconselhado a não ser que essas transações tragam vantagens pontuais aos dirigentes uma vez que não há controle externo sobre a destinação desses recursos e os mesmos sejam desviados para pagamento de dívidas, reforma do patrimônio e outros nem tão nobres.
A exceção no Rio Grande do Sul é o Canoas que disputará o Gauchão com jogadores de 15 a 17 anos, e espero que dentro de um projeto mais consistente.
Se a situação não mudar os recursos da TV vão virar Bolsa Família, alimentará os clubes circunstancialmente e a pobreza continuará a imperar no futebol do interior.