O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

15 de out. de 2015

ASSIM COMO SÃO OS COISAS
SÃO OS ABJETOS...

E eis então aí, a população brasileira indignada. E quer isso e quer aquilo. E quer até intervenção constitucional; e quer impeachment; e quer mudança de presidente; e quer novas eleições; e quer ter direito a voto e não obrigação. E tem uma tremenda indignação que não consegue transformar numa digna-ação, como costuma me cutucar a professora, profunda filósofa e atuante psicóloga, Circe Maria, minha veneranda, vetusta e sábia irmã mais-velha.

Pois, por que então a gente não faz isso mesmo; por que não se passa da indignação para uma digna-ação?!? Não temos tempo, não pensamos direito nisso, não queremos nem saber, ou preferimos que alguém, ou alguma coisa faça isso por nós?!?

Aposto que você nem parou para pensar direito por que a gente anda com os nervos à flor da pele, cheia de desencanto, frustração, raiva e, claro, indignação contra os tais donos do poder, os tais chefes do crime organizado que virou Estado nesse país.

Estamos - se é que estamos mesmo - brigando errado, minhas queridas companheiras e meus diletos companheiros!

E aqui, invoco meu irmão caçula, o Gordo Renato, que se apressou em se mandar dessa vida, mas me deixou sua gozadora e perfeita avaliação do que é a sociedade que nos domina: "Assim como são as pessoas, são as criaturas; assim como são os coisas são os abjetos".

Queremos trocar criaturas por abjetos. Aí, você já sabe tanto como eu e todo mundo que estamos num mato sem cachorro, num beco sem saída.

No aprendizado que colhi do fraseado familiar, percebo que a nossa luta, a luta do brasileiro hoje se perdeu pelos caminhos que o próprio brasileiro descobriu e deu de mão beijada para os bandeirantes hodiernos que hoje. É lá nas suas salas, nos seus plenários, nos seus tribunais instalados na máquina administrativa, legislativa e judiciária, que eles agem à vontade se dizendo representantes do povo.

Não é contra cada um deles que a gente tem que lutar. Nós  precisamo reagir é contra o sistema de domínio e dominação que, enquanto nos distraímos eles montaram dentro desse modelo de democracia de gabinete. Mais que reagir, precisamos contra-atacar.

Contra-atacar na boa; numa guerra de paz, sem violência, armados com os nossos direitos até os dentes, sem desmandos - pois do contrário nos tornaríamos iguais a eles. Aí, não seríamos um novo sistema social, um novo regime, seríamos apenas uma nova versão do que hoje nos causa indignação e revolta. Vá pensando nisso. A gente tem tempo.

No próximo happy hour, ao invés de contar as velhas piadas, falem de coisas que não têm falado, como o abuso nas contas da luz, do condomínio, do aluguel, da gasolina, da comida, do chopinho que já não é mais aquele, porque se a nossa roda é de cinco amigos, nós já pagamos dois chopes e meio para esse governo que nenhum de nós convidou para sentar ao nosso lado. O governo tá bebendo mais do que nós.

Duvido que a gente, juntos, não consiga ter uma boa ideia para acabar com esses intrujões que ocupam as nossas mesas. Pelo menos a gente vai concluir, juntos, em meio a bons goles e um bom tira-gosto que fazemos parte de uma sociedade de indignados de araque, dominados e governados por portarias e decretos.

Pô, companheiras e companheiros, a vida não é só vídeotape, sexo e rock'n Roll. Tá certo que a gente nem chegue a ser um revolucionário, mas também não vale ficar o tempo todo se queixando que precisamos defender a ordem constituída, só por causa do lema no pavilhão nacional.

Bolas, afinal, há 13 anos estamos vivendo no auge do regime da Grande Desordem. Você não precisa ser um revolucionário assim como foram o tempo todo o Zé Dirceu, o Lula, o Zé Genoíno, a Dilma Vana e seus pares e ímpares...

Mas, experimente despertar o revolucionário bondoso e firme que há dentro de você pelo menos por um dia na vida. Ah, quando você se sentir assim, me convide que eu topo. Mas, em vez do chopinho, vou brindar com uma taça de vinho de algum velho barril de merlot.