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Até Dias Toffoli, de desconhecido saber jurídico, tirou o corpo fora do duelo travado entre Barbosa e Lewandowski desde antes do julgamento do Mensalão e com estocadas de parte a parte até aqui, quando o escândalo vai encaminhando, um a um dos exasperados malfeitores ao destino que merecem.
Então, se de Toffoli aos outros sete pares, ninguém mete o bedelho nesse confronto, por que cargas d'água o pernóstico e prolixo Marco Aurélio primo do presidente defenestrado Fernandinho Beira-Collor de Mello e por ele indicado a uma cadeira suprema, teria que se refestelar bancando o ímpar, dando puxão de orelha e acusando de destempero em quem sequer estava falando com ele?
Se Freud não explica, Joaquim Barbosa mata a cobra e mostra o pau. Mais mole até: reagiu às críticas, escreveu e o pau comeu:
“Um dos principais obstáculos a ser enfrentado por qualquer pessoa que ocupe a presidência do Supremo Tribunal Federal tem por nome Marco Aurélio Mello. Para comprová-lo, basta que se consultem alguns dos ocupantes do cargo nos últimos dez ou 12 anos”, estampou Joaquim Barbosa em nota à imprensa.
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No documento o ministro ainda afirma que, ao contrário de quem o critica, conquistou a cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal por esforço acadêmico e profissional: “Jamais me vali ou tirei proveito de relações de natureza familiar".
Uma cutucada e tanto, já que Marco Aurélio foi indicado ao STF na década de 1990 por seu primo, o felizmente breve presidente Fernando Collor de Mello.
O ministro Carlos Ayres Britto se aposenta compulsoriamente em novembro, ao completar 70 anos, Barbosa, hoje vice-presidente, é o candidato natural a assumir a presidência da mais alta corte de Justiça do País. É tradição na casa, a condução do vice à. Por mera formalidade, no entanto, a ascensão ao posto precisa ser confirmada por votação entre os ministros da casa.
Aplicando um golpe final na vaidade de seu intrometido colega, Joaquim Barbosa diz na nota que, se assumir a presidência do STF, não tomará o que chama de "decisões rocambolescas e chocantes para a coletividade".
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E conclui o comunicado a quem interessar possa com uma espetada letal, garantindo que não adotará posições "de claro e deliberado confronto para com os poderes constituídos, de intervenções manifestamente gauche, de puro exibicionismo".
Bem feito para Marco Aurélio Mello que não tinha nada que meter o nariz onde não foi chamado. Dos 10 ministros em ação no julgamento dos mensaleiros, sete mantém a compostura, dois se engalfinham numa luta de capa e espada e só um deles, o insolente Marco Aurélio Mello, se acha o D'Artagnan do Supremo, entrando na história fazendo bravata, querendo um dia ser o mosqueteiro do rei.