Disse isto assim, como quem negasse no boteco do subúrbio qualquer relação com o vizinho incomodativo da mesa ao lado: "esse cara não é parente nem da minha lavadeira".
Só isso já deve bastar para Russomanno despencar os pontos que Serra e HaHaHaddad estão precisando para as eleições de outubro.
E, dando-se por insatisfeito com a vida nababesca que leva na flauta, Macedo ainda disse para seus fiéis: "Esse mundo me odeia".
Odeia, não, seu Edir. "Esse mundo" odeia o capeta. Dos safos, o que "esse mundo" tem é medo.
Em verdade, em verdade, vos digo: mais vitórias conquistareis negando as verdades até o fim; ou se contardes mentiras tantas vezes quantas sejam necessárias até que pareçam verdade.
Vendo esses edires e esse luláticos afirmando uma coisa, basta entender o oposto para ficar de bem com uns e com outros. Os mentirosos estão sempre dispostos a negar e a jurar. A arte da dissimulação é saber mentir com absoluta convicção.
E aí, vem a tentação de repetir aqui aquela antiga história ocorrida no século passado, no restaurante Berro D'Água no bom e velho Rio de Janeiro:
Coisa de 11 horas da noite. Berro D'Água vazio. No salão à meia-luz, apenas o casal de pombinhos maduros. O Garanhão traía sua esposa com uma linda mulher, num romântico jantar que celebrava a coisa já feita e consumada.
O Garanhão, de repente, pensando que quem se aproximava era o garçom, levantou os olhos e... Ficou petrificado: deu de cara com a sua esposa. Não, não era assombração. Era ela. Em carne e osso.
Recuperou-se em tempo, resgatou a dignidade e, virando-se para a amante a seu lado, mostrou uma cara de espanto maior do que tinha sido a desagradável surpresa de ficar cara a cara com a mãe de seus filhos ali em pé. De pronto, vociferou:
- O quê?!? Quer dizer então que você não é a minha esposa?!?
A outra quase se engasgou com o filé de côngrio-rosa à milanesa com molho de camarão. Nem teve tempo de ver direito o que estava acontecendo, quando levou um empurrão do Garanhão:
- Saia já daqui, sua impostora!
Não esperou mais, nada. Levantou-se, enfiou o braço na esposa e dirigiu-se ao garçom de passagem:
- Por Favor, Josué, ponha na conta!
Foi-se dali. E viveu feliz com a esposa e mãe de seus filhos, por muitos e muitos anos. É que até hoje, pela convicção com que ele mentiu para ela no Berro D'Água, a esposa acredita que aquele jantar foi mesmo um terrível engano. Por pouco a esposa não acredita que quem estava do lado dele era ela mesma naquela noite à luz de velas.
O Jeito PT de Lula e do Mensalão amplo, geral e irrestrito é assim. Se você bobear, acaba acreditando que é igualzinho a eles.