AMIGO É AMIGO;
COMPANHEIRO É COMPANHEIRO.
A
coisa é a seguinte: um dia, Dirceu disse sobre Lula: “ele não tem amigos, só
companheiros”; outro dia, Lula disse sobre Dirceu: “Zé Dirceu não tem amigos”.
Quem quiser ficar com a verdade, basta entender que, até que enfim, ambos têm
razão.
Voltemos
aos seus bons tempos de colégio, meu preclaro leitor. Como é mesmo que você
escolhia os seus “melhores amigos”? Elementar, né não?... Pela lealdade.
Lealdade
era o ponto de referência. Você escolhia aquele que, quando você tentava colar,
ele lhe dava cola na prova de matemática.
O
seu melhor amigo era aquele que, quando você jogava bolinha de papel no quadro-negro,
ele não dedurava você para o professor.
O
seu melhor amigo, era aquele que na hora do pum dentro da sala de aula, não
apontava pra você, com a mão tapando o focinho.
O
seu amigo bom e batuta era aquele que considerava você um amigo bom a batuta e
não um dedo duro, filho duma fajuta.
Ora,
não é por nada, não... Mas Lula nunca durou muito pelas escolas. Nunca foi
melhor amigo de ninguém. Lula se especializou, desde cedo, em ser amigo dele
mesmo.
Enfim,
em matéria de classe de aula, Lula nunca teve lá muita classe. Lula sempre se achou
o próprio Vasco da Gama: o resto era o resto.
Lula
sempre foi aquele cara que sentava a seu lado, colava, aprontava e dizia que
você estava colando dele e você é quem estava aprontando.
Ele
sempre foi escorregadio assim; sempre escapou tirando o corpo fora, pulando e
andando para quem não tivesse o dom de trocar de pele e de cor, como faz bem às
metamorfoses ambulantes.
Agora,
diz a revista Veja desta semana que “Lula e José Dirceu se desentendem por
causa do petróleo”. E espalha: “os dois líderes históricos do PT não conversam
desde que o escândalo (da Petrobras) ganhou corpo”.
E
a edição hebdomadária ainda salienta o que Dirceu choraminga: “Vocês me
abandonaram há tempos”.
O
que aconteceu agora é que, temendo os efeitos da Lava-Jato, Dirceu queria se
oferecer para montar uma estratégia que blindasse os tubarões da petroleira e
não os lambaris.
Conforme
conta a revista Veja, Dirceu telefonou para o Instituto Lula e não foi atendido
pelo chefe. Quem teve a gentileza foi o velho Okamoto de sempre. E ainda botou
banca:
- Do que você está precisando, Zé?
Ah,
deu nos dedos e feriu o orgulho do preso domiciliado. Ele vituperou de volta,
antes de bater com o telefone na orelha acostumada do vassalo preferido de
Lula:
- Você acha que vou ligar para
pedir alguma coisa? Vocês me abandonaram há tempos.
Ora
bolas, carambolas! Grande novidade, Lula ter dado no pé. Sempre que pode - ele
traz de berço - Lula abandona todo e qualquer companheiro bom e batuta, no campo
da luta. Coisa de um bom filho da mãe astuta.
QUE MAL PERGUNTE - Então, inda que
mal pergunte: você já viu alguma cena de Lula com Dirceu, depois que Dirceu
pegou cana braba na Papuda?
Já
viu alguma foto dos dois juntos, depois que Dirceu foi parar na cadeia? Se viu,
então mande pra cá, por favor. Vai ser um grande alívio saber que um merece o
outro. Ou não.
RODAPÉ – Então essa
história toda não está sendo contada para que você fique com pena de Dirceu, ou
com raiva de Lula. Nem tampouco vice-versa ao contrário e coisa & loisa.
Está sendo contada só para dizer que, em matéria de Lava-Jato, Lula pode estar
bem mais, muito mais sujo que Dirceu.
IN MEMORIAN – A bem da verdade,
preciso é que se diga: entre Lula e Dirceu, quem por último telefonou para o
outro foi Lula da Silva. Deu-se o contato quando Dirceu acabava de ser mandado
para a Papuda. Lula ligou e disse: - Tamo
junto nessa, cumpanhêro!