A BIOGRAFIA DE LULA E
DE OUTROS PRESIDENTES
Não é nada, não é nada, faz mais de 40 anos que eu aturo Luiz Erário Lula da Silva batendo no peito e abrindo o berro para dizer com pose de eterno perseguido e desvalido da sorte que é filho de uma lavadeira com um lavrador analfabeto e que se fez metalúrgico, razão pela qual as elites não conseguem admitir que ele tenha chegado a ser presidente da República.
Este é o ponto mais relevante e comovente da biografia de um homem que veio lá do sertão pernambucano para descobrir o Brasil da Silva, um país que tomou o lugar de uma ditadura com uma democracia feita sob encomenda e medida para os velhos párias, os plebeus de sempre, como ele e seus sócios nesta grande e estapafúrdia República dos Calamares.
Cansei. Confesso que cansei. Fiquei enjoado. Tô com refluxo, hérnia de hiato e outros sintomas de repelência incontida. São mais de 40 anos vendo e ouvindo essa voz rouca que atropela as ruas, a ordem e o progresso do meu país, berrando a miserabilidade de suas origens como se ele fosse o único pobre do Brasil que subiu a rampa e enfiou uma faixa atravessada no peito.
Não aguentei e resolvi dar uma olhada na origem dos presidentes do Brasil. Para não ser fastidioso, vou lhes dizer apenas uns que outros, de origens tão humildes quanto o breve metalúrgico pulador de portões de fábricas e de cercas biográficas.
Floriano Peixoto, foi presidente da República e vinha de uma família pobre, paupérrima de Maceió, nas Alagoas.
O pai de Nilo Peçanha era padeiro; já o genitor de Hermes da Fonseca, lutou na Guerra do Paraguai e, se não tinha dinheiro, pelo menos tinha coragem.
Os pais de Epitácio Pessoa, morreram de varíola e ele foi criado, por sorte sua, pelo então governador de Pernambuco; os pais de Wasington Luíz eram tão desprovidos de recursos que tiveram que tirar os seus outros filhos da escola para que Washington Luís pudesse continuar seus estudos; Juscelino Kubitschek era filho de um caixeiro-viajante, mas ao contrário de Lula, JK estudou e se formou em medicina.
Ernesto Geisel, era filho de um pastor alemão, seja lá o que isso signifique; Itamar Franco nasceu num navio, sua mãe, viúva, morava de favor na casa de um irmão...
E aí então vem Lula da Silva, o filho de uma lavadeira com um lavrador analfabeto que deu no pé lá do sertão e foi viver outra vida em São Paulo. Lula nasceu pobre, foi um breve metalúrgico e ficou rico. Só agora, depois de oito anos na Presidência do Brasil da Silva e mais quatro mandando no Palácio que Dilma habita é que ele ficou rico... A vida lhe tem sido madrasta.
Mas, tem ainda o caso da primeira-mulher-president@ da história desse país, Dilma Vana Rousseff. Ela de pobre nunca teve nada: é filha de um advogado e empreendedor búlgaro naturalizado brasileiro burguês... Mas, Lula da Silva não viu nos modos, no jeito, na voz e no olhar de Dilma nenhum traço de elite.
Ele a fez president@ e ele próprio, Lula da Silva, acaba de reeleger-se o seu maior e mais dedicado cabo eleitoral. A elite brasileira já não sabem mais o que fazer para ficar pobre como eles.
De minha parte e da parte dos que convivem na sociedade em que me encontro, eu gostaria de receber na minha aposentadoria por mais de 50 anos de trabalho, apenas um salário mínimo: nada mais do que um salário mínimo.
Aquele salário mínimo que está lá na Constituição-Cidadã de 88: " salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às necessidades vitais básicas e às da família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transportee previdência social, com reajustes periódicos que preservem o poder aquisitivo, sendo vedada a sua vinculação para qualquer fim".