O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

27 de nov. de 2010

UPP é uma droga!

Não deu certo, nem nunca vai dar, esse projeto de controle autoritário disfarçado em "ocupação humanística das favelas" posto nas ruas por Sérgio Cabral, dono do Rio, com a única finalidade de continuar governando os cariocas.

Cabral maquiou o domínio da sua polícia sobre as camadas pobres, como se fosse uma capa de proteção armada e camarada contra a truculência do narcotráfico que se esbalda pelos morros - área de maior concentração da violência urbana.

Nada é mais evidente e assustador para o crédulo favelado do que constatar que as UPPs - Unidades de Polícia Pacificadora instaladas nas áreas de risco, verdadeiro cinturão do reino da bandidagem, eram cegas, surdas e mudas.

Esse tempo todo foi de afável convivência; de notável conivência. Até agora - uma semana atrás, nem isso - ninguém fora preso, o tráfico era livre, leve, solto, a vida era boa, calma e serena. Mocinhos e bandidos se coalizavam.

Até que veio o pleito de outubro. E então se soube: UPP teu nome é Voto. Polícia de Pacificação rima com eleição.

Bastou o espoucar de foguetes na carnavalesca celebração da vitória de Cabral e de seus acólitos nas urnas de outubro vermelho, para o imenso piscinão de águas mornas transformar-se num enorme e tenebroso barril de pólvora.

A máscara caiu e Cabral foi acometido pelo Complexo do Alemão. A pirotecnia tomou conta do Rio e virou guerra. O Fanfarrão chamou a Marinha, o Exército, as Forças Armadas de Paz do irmão de fé, camarada, companheiro Lula, ainda presideus do Brasil e mais honrado dirigente do PT.

Pronto! O Exército chegou. Tomou a Vila Cruzeiro, ao melhor estilo da tomada de Monte Castelo. Cercou o Complexo do Alemão. Os narcotraficantes estão fugindo.

Muitos carros, no entanto, ainda separam os cariocas de boa cepa dos bandidos incendiários. Mas logo virá, sob as armas da pacificação, a tão almejada paz.

E, por um bom período, assim será. Assim viverão quase felizes os cariocas no mais pleno e surreal regime democrático policialesco que o PT sempre abominou enquanto não dominou. Rima e é verdade.

Logo, a Guerra do Rio estará migrando para o resto do Brasil. Vai tirar o sono dos governantes que apostam na promessa  da primeira-presidenta que prometeu ser diligenta na adoção e pulverização da "política de segurança pública de Sérgio Cabral para todo o país".

Estaremos, então, todos nos sentindo como cariocas. Cercados de bondes de narcotraficantes e de comboios das Forças Armadas de Pacificação. Essa guerra civil vai perdurar enquanto não for estabelecida, mais do que troca de tiros, borzeguins, tanques e caveirões, uma política séria de combate ao vício.

Até que cheguemos lá, todos viveremos pequenos períodos de trégua. Gozaremos uma vida de armistícios. Até que as paciências se esgotem, a cautela e a canja de galinha passem a fazer mal e tudo volte à anormalidade de sempre.

Enquanto a lei não tratar o usuário da mesma forma, com o mesmo rigor, com as mesmas penas que tratam os senhores do tráfico, os traficantes de palácios e das beiras de calçadas, o narcotráfico será imbatível; continuará carnavalizando, balançando a pança e comandando a massa. O tráfico é o maior negócio do mundo porque o consumo é um dom universal, compartilhado por ricos e pobres, mocinhos e bandidos. O traficante só existe porque existe o viciado.

O que não se pode admitir é que agora o governo Dilma, por inspiração cabralina, estabeleça no Brasil a banalização da força que, um dia, vai nos convencer de que para acabar com o viciado "só matando"! Alguém que acredite nessas coisas, leia a Bíblia para essa gente: violência gera violência!

Esse folclore da polícia da capitania hereditária do Rio realizar a "ocupação humanística das favelas" é uma droga. Antes que ela se espalhe pelo Brasil, algo precisa ser feito para nos libertar desse estado de opressão. Ou logo o brasileiro se sentirá tão mal com suas virtudes, quanto gostará dos seus vícios.