O Diretório Nacional do PT se reuniu em Brasília. Foi o quanto bastou para Zé Dirceu ressurgir das cinzas, qual Fenix que renasce das brumas.
Sem que o tenham tirado para dançar, acercou-se dos jornalistas e, ao invés de falar do Mensalão que lhe cortou as asas, meteu o bico no rescaldo do blocão montado por Michel Temer para mostrar quem é que manda nessa República que vem por aí.
E Dirceu soltou sua frase de efeito: "PT e PMDB estão 'condenados' a se entender e a governar junto com os outros partidos que apoiaram a presidente eleita".
Ele negou que o bloco posto na rua por Temer e seu séquito de 202 membros duros e firmes façam Dilma 'refém' do PMDB. Não precisa nada disso. Dilma já sabe que o Congresso Nacional não será a sua Praça da Apoteose.
Quanto a sua participação no governo, Dirceu voltou a negar - como se alguém estivesse interessado nisso: "Não devo, não quero e não posso". E logo depois, do alto de sua sempre ironica dissimulação, se desdisse sem cerimônia alguma: "Gostaria muito, mas não tenho conversado."
Como assim, bobão da Corte? Como assim "não quero"... mas "gostaria muito..."?!? Afinal, o que é isso companheiro?
A verdade é que esse "não tenho conversado" diz tudo. Dilma não o convidou para entrar na dança das cadeiras. E nem ela seria maluca a ponto de queimar o filme antes mesmo da pré-estréia.
Zé Dirceu, se tivesse que dar as cartas sobre qualquer lance nesse jogo do poder, seria a respeito de quem está "condenado" no processo Mensalão e sobre quem foi mesmo que cortou o seu baralho parlamentar. Mas nisso, ninguém mais está interessado. A não ser o Ministério Público - um dos últimos bastiões da dignidade oficial brasileira.