Agora sim, patrulha é que não falta. Um guarda em cada esquina. Alguém sempre de olho em todo mundo. O mesmo olhar pra quem não presta e pra quem é de boa vontade.
Por enquanto é só nos morros, no Rio de Janeiro que dá samba. E holofote. Logo será em cada rua, em cada quebrada. E onde quer que caiba um tanque, um caveirão, uma unidade móvel de pronto atendimento à saúde de quem a perdeu subitamente para uma bala perdida, ou outra nem tanto.
Mas o que parece agora a concretização de um sonho pode ser apenas o início de um pesadelo. A fortaleza dos homens é, inexoravelmente, sua fraqueza. Nos regimes de governo também é assim; tem sido assim através dos tempos. É uma espécie de boomerang da justiça que procura a liberdade como caminho de paz.
Essa cena e esse tipo de enredo a gente já viu muito nas fitas de patola dos anos 40/50; que se transformaram em filmes de faroeste pelos anos 60 afora; que viraram superproduções de bangue-bangue nos anos 80 e que, da virada do milênio para cá são minisséries de bufas democracias sul-americanas, todas de acanhado sucesso de bilheteria.
É que, como nas velhas películas de patola, o cenário se repete: uma comunidade, à mercê dos criminosos e um xerife covarde e corrupto.
A população oprimida, além dos limites de sua indignação, chama o homem de preto que, com seu revólver fumegante e munição interminável, acaba com os bandidos.
A felicidade dos moradores da cidade é efêmera. O homem de preto vira algoz e adona-se da vontade e da vida das pessoas da comunidade. Seu domínio dura pouco. Sempre chega um mocinho que namora o cavalo, mata o homem de preto, beija a mocinha e, então, todos vivem felizes para sempre. Até que venha outro... Outro filme que a gente já viu.