A Guerra dos Seis Dias - o conflito armado que opôs Israel a uma frente de países árabes, o Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão - é café pequeno, um inocente carioquinha, diante do que está acontecendo no Rio de Janeiro.
Os governos do Rio - o da cidade e o governo do Estado - erraram fragororsamente ao declarar luta armada aos bandidos do tráfego, dos caixas eletrônicos, da punga e dos assaltos cotidianos. Pensou, decerto, que seu know how de crime organizado - desfalques, desvios de verbas públicas, corrupção, rombos, terceirizações, nepotismo, licitações fraudadas seria suficiente para sair trocando tiros com o crime desorganizado.
E agora, com a parceria da Força Nacional de Segurança (?) continuam achando a mesma coisa. Não se dão conta de que violência gera violência.
Bala com bala é tudo que a bandidagem mais sonha na vida. Há, no pipocar das metralhadoras e no espoucar das bombas, um prazer incomensurável. É a forma mais retumbante dos traficantes e das milícias mostrarem o tanto e o quanto que aprenderam com os senhores do crime - mensaleiros, sanguessugas, vampiros, governantes de todas as camadas, criminosos de elite.
O Rio de Janeiro está em chamas. Fora de controle. Seu mal, sua grande pandemia letal é o vírus da esperteza que lhe foi inoculado, gradual, paulatinamente.
Primeiro foi com a Lei de Gerson, depois com o caudilhismo moreno de Brizola, agora com a fanfarronice de Cabral e há oito anos pela estratégia da vantagem sem pudor e sem lei do Presideus que já prepara as malas e bagagens para uma rápida temporada de férias. O Rio está em guerra. E esta é a mais perigosa e mortal evidência de que, para o carioca, o que veio de cima os atingiu em cheio.
Não demora nada, o vírus da violência urbana atravessa a BR-116 e contagia de vez os já contaminados bandeirantes da grandioloquente São Paulo.
E se espalha pelo Sudeste inteiro e se arrasta que nem cobra pelo chão, envenenando o Brasil de cabo a rabo.
E então os brasileiros de quatro costados já não precisarão mais se preocupar com a próxima Grande Guerra Mundial.
O Brasil já terá deflagrado o seu grande conflito nacional. E como será uma guerra intestina, os senhores das armas nos dejetarão com sua cínica e imunda sensibilidade social: - Tome um laxante que passa.