Lula não saiu da toca. Continua na moita. Ontem, recebendo correligionários que ainda circundam seu instituto de palestras e lavagens, Lula deu o seu pitaco sobre o encontro que Dilma teria com Obama para conversarem sobre espionagem.
Como sempre Lula foi blenorrágico verbal. Despejou um monte de asneiras com pose de grande entendido. Disse, lá para seus acólitos, que "Dilma tem que dar um 'guenta' em Obama".
Por que, Dilma teria que dar um "guenta" em Obama, se ele próprio, teve que engolir calado a ironia de Barack que o apelidou maldosamente de "O Cara", como os americanos fazem com os exibidos coloridos que encontram pela frente?
Mas a parlapatice não parou por aí. Lula continuou fanfarrão: "Nós não podemos admitir, a pretexto nenhum, que um país se dê o luxo de ficar tentando gravar, copiar e-mails, telefonemas, de um país ou de um presidente da República, como fizeram com a Dilma".
Até parece que a China, a Rússia, a França e o escambau a quatro não fazem a mesmíssima coisa que os EUA e que o Brasil da Silva, relaxado e pretensioso, não faz há muito tempo, nessa convivência cínica que as relações exteriores subliminares praticam.
Há anos e anos que o Brasil não toma uma providência sequer no sentido de proteger suas confidências. Reclama do quê agora? Há quanto tempo, o Brasil não faz pelo menos uma varredura em seus gabinetes mais usados e abusados? Então, que essa pandilha de despreparados vá se queixar pro bispo, ou pro papa que é argentino e unha e carne com Deus e São Francisco de Assis.
Mas, qual o quê... Como quem está na berlinda não é ele é Dilma, Lula se esbalda em bravatas. Então dê-lhe que te dê-lhe fanfarronice. O presidente de honra do PT e vitalício do Instituto Lula, endureceu a língua e continuou fingindo perder a ternura contra o esquema de espionagem dos EUA: "Essa foi grave, muito grave. Os americanos passaram dos limites".
Saiu de dentro de si mesmo e assumindo a pose de um grande mandachuva internacional concluiu que o motivo para a arapongagem seria porque o país governado por Barack Obama "não suporta" o fato de o Brasil ter virado um ator global.
Quer dizer, quando não tem que se esconder atrás da primeira moita que encontra sempre que vê a coisa mal parada para o seu lado, Lula acha fácil mandar os outros chutarem o pau da barraca. No seu bom tempo de ridículo internacional, engoliu em seco uma injúria que, na sua santa ignorância, pensou que fosse um elogio. E desde então passou a exibir-se pelo mundo como "O Cara".
Se lhe perguntarem hoje mesmo por que não demonstrou que o mensalão foi uma "farsa", ele vai comer em tranca; se lhe perguntarem o que acha da Operação Porto Seguro que acabou com la vie en Rose naquele chatô que ele instalou como gabinete da Presidência da República em São Paulo, Lula vai gemer como se tivesse levado uma punhalada nas costas; e então sim, deixará de ser boquirroto para ser simplesmente ser "O Cara"!
Enquanto isso, Dilma Vana de bem com Obama, já está arrumando as malas e bagagens lá na Rússia para voltar, se Deus quiser, ainda a tempo de ser aplaudida na Esplanada dos seus Ministérios durante o desfile militar de 7 de Setembro e ser aclamada delirantemente no jogo da seleção da CBF no Maná Garrincha.