"A MEMÓRIA DO BRASILEIRO VAI
SÓ ATÉ À MISSA DE 7° DIA". (Millôr)
Nesta sexta-feira, o eterno ministro Delfim Netto, andou dando uma entrevista sobre a crise atual à turma ligada ao jornal Folha de S. Paulo e até que falou bonito. Ele sempre fala bonito e com enorme convicção.
Disse que não acredita que a democracia brasileira corra algum risco por conta do processo de impeachment.
E descascou com a sua fluência tatibitate de cobra-criada no assunto: "Não há nenhum risco para a democracia do país, pelo contrário, acho que a partir da Constituição de 88 as instituições democráticas estão se aperfeiçoando. Já tivemos percalços enormes, fizemos um impeachment e prosseguimos depois nosso caminho".
Pô, esse cara entende. Entende de política. De fato, nesse ponto a gente até concorda com ele: a democracia não corre risco algum com o impeachment da Dilma.
Ao contrário, a democracia vai se aperfeiçoar - muito mais pela Lava Jato do que pela politicalha que arromba e deixa arrombar esse país. Então estamos combinados: Delfim Netto é bom de política. Economia e coisinhas do ramo são outro departamento.
Delfim Netto foi ministro de uma porção de coisas no período do bipartidarismo, tempo da Arena e do MDB, mas suas despedida dos bastidores dos ministérios foi em março de 1985. Depois, de 1987 a 2007 ele foi deputado federal por São Paulo.
Dando uma pedalada para trás, relembro que esse economista e professor foi de 1979 a 1985, ministro da Seplam - Secretaria de Planejamento da Presidência da República, sucessor de Mário Henrique Simonsen. Largou o ministério do governo Figueiredo para Tancredo Neves com uma inflação anual de 242,23%.
Se a gente disser isso agora para a geração dos nossos netos, eles vão dizer que o alemão Alzheimer bateu a nossa porta. E entrou. Só agora, com o fracasso dos governos Lula e Dilma é que eles estão começando a entender o que é inflação.
Pois é isso que eu relembro neste sábado de outono, véspera de um tenebroso inverno para Dilma, Lula, o PT e seus sócios do sindicato da mesma dor. Em 1985 a inflação era de 242,23% ao ano. Sabe-se lá se isso até não foi a verdadeira causa mortis do avô de Aécio Neves.
Mas, como dizia Millôr Fernandes, "a memória do brasileiro dura até a missa de 7° Dia". É por isso que Delfim continua sendo o guru infalível dos cadernos de economia da imprensa de São Paulo, tambor de ressonância nacional.