O confronto que, ao natural, deveria ser a grande final do Paulistão acabou numa punitiva eliminatória entre os dois melhores times do campeonato. São Paulo e Santos transformaram um jogo de sábado à tarde, em um clássico digno dos melhores domingos do futebol brasileiro.
Só mesmo um São Paulo x Santos para disputar uma semifinal decisiva sem qualquer sinal de violência ou deslealdade. Eles mataram a saudade do torcedor que há muito tempo não via um jogo de futebol; só de futebol. Nada de pescaria e muito menos de caça predatória.
No intervalo, Muricy Ramalho botou o dedo na moleira de Paulo Cesar Carpegiani. Como tudo foi feito dentro do vestário, o técnico tricolor nem se deu conta. Quando viu, o São Paulo tinha perdido a posse de bola e tomado um gol de Elano com sabor de Ganso bem preparado.
Aí, Carpegiani trocou seis por menos de meia dúzia: tirou o menino Casemiro e botou Fernandão que mais parece aquela estátua gaúcha, O Laçador, inclusive pela sua mobilidade.
Para reforçar o desastre são-paulino Carpegiani sacou mais um menino, Marlo, e fez entrar o longevo Rivaldo. Procurou melhor qualidade no meio de campo e encontrou melhoridade.
Ganso e Neymar, dois veteranos moleques santistas, com enorme dificuldade, tabelaram lentamente - coisa de 100 km/h - e só não entraram com bola e tudo, porque tiveram humildade... Gol! Santos maravilha, nós gostamos de te ver.
Depois disso, fim de jogo, Muricy Ramalho não tinha por quê ser humilde:
- Foi por isso que não treinamos cobrança de penalti - disse com sua enorme alegria e se mandou.
RODAPÉ - Ao não caçar e nem tentar depredar Neymar durante o jogo, o time do São Paulo provou que é possível deixar o jovem craque santista jogar em pé os 90 minutos e não ser o melhor em campo.
PR (PÓS-RODAPÉ) - O Paulistinha chegou ao final com quatro grandes times. Só o Santos tem técnico paulista: Muricy Ramalho. Os demais são treinados por gaúchos: São Paulo, Carpegiani; Palmeiras, Felipão; Corinthians, Tite. Dos três o que tentava fazer a bola rolar, já foi pras cucuias: Carpegiani - que jogou mais futebol que os outros conterrâneos juntos. Ganhe quem ganhar, entre Palmeiras e Corinthians, a vida do Santos não vai ser moleza. Para verdoengos ou alvinegros, do pescoço pra baixo, tudo é canela. Neymar vai jogar na horizontal.