Falando sério: Dilma está, cada vez mais se percebe isso, sendo levada pelo PT à condição de Raínha da Inglaterra. Salvo horrorosas exceções, Dilma consegue mandar uma coisinha aqui, outra coisinha ali, sem o aval do partido que tem como presidente de honra Seu Encarnado, o alter ego de Lula que não desencarna nem vai desencarnar tão cedo da presidência da República.
Dilma está na prensa. O Partido dos Trabalhadores sabe bem o que é uma prensa; seu coroado presidente, então, nem se fala. E, assim é que, aos poucos, vai prensando a primeira-presidenta.
Durante todo o expediente, Dilma está sendo colocada contra a parede. É uma servidora pública de alto coturno que está sendo escanteada e pressionada pela massa trabalhadora que já virou patrão há mais de oito anos.
O espaço de trabalho de Dilma está cercado. Não sofre ataques, mas é vítima de assédio permanente de Gilberto Carvalho que, infiltrado por Lula na sede do governo, bisbilhota tudo que se passa dentro do Palácio do Planalto.
De Zé Dirceu e Berzoini, Dilma não consegue desvencilhar-se nas mínimas questões. Dentro do PT então aí mesmo é que ela vira soberana da Cornuália. Queria, por exemplo, Humberto Costa para o lugar do debilitado retirante Zé Eduardo Dutra e não levou.
Finge agora que se contenta com Rui Falcão, por quem sente incontroláveis engulhos. Nem seria preciso lembrar que Falcão, Zé Dirceu, Berzoini e o reizinho Lula são todos farinha do mesmo saco petista. E bota saco nisso. Não seria preciso, mas a turma aqui do Sanatório da Notícia lembra.
Como se não bastasse o enjoo, a primeira-presidenta ainda tem que digerir um Antonio Palocci que, antes de ser demolido por um caseiro honesto e boquirroto pensava em candidatar-se ao lugar que hoje é dela. Palocci é o palpiteiro-mor, metido a monitor dos passos de Dilma que, toda vez que passa pelo conselheiro da República nos corredores palacianos, enxerga a sombra de Lula, o Seu Encarnado que não desencarna do poder.
Não é que Dilma não goste de ser raínha. Para quem chegou à primeira-presidência de um país como o Brasil, o próximo escalão antes de ser deusa - só para igualar o status de Lula - seria inevitavelmente a investitura de raínha.
O único problema é que pela cabeça de Dilma, durona como é de seu jeito e feitio, não passa nem de leve a idéia de ser raínha... da Inglaterra. Nem mesmo que a coroa do Reino Unido tenha, como tem, 2.800 diamantes.