O que os governos dos Estados Unidos pensam e sempre pensaram a respeito do Brasil ou seja lá de que país quer que seja, não é de admirar. Não causa mesmo nenhuma admiração. Não causa no sentido de encantamento, nem muito menos de espanto.
Essa barafunda toda que a WikiLeaks vem causando pelo mundo afora, no que toca ao Brasil e para quem olha com bons olhos, não passa de mais um trampolim para a candidatura de Lula à presidência da República em 2014.
É, digamos assim, a plataforma de lançamento do terceiro mandato do filho dileto do Deus brasileiro. Se você duvida, leia a reportagem de Jamil Chade, correspondente do jornal O Estado de S.Paulo. Há pequenas entrelinhas sanatoriais e um rodapé...
Veja só o lead:
GENEBRA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluirá seus oito anos no poder com uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", com uma "praga" de compra de votos no PT e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil. Essa é a avaliação da diplomacia americana sobre a gestão de Lula e os principais elementos de seu governo, escancarando a avaliação do governo americano em relação a Lula.
ENTRELINHAS - Pois não é a cara de um filme que a gente vem assistindo há quase oito anos?!? Prepare-se para a reprise. O lead é como um anúncio de que uma nova sessão vai começar.
Vamos em frente que atrás vem gente. Leia o que conta Jamil Chade:
Em um telegrama secreto revelado pela organização Wikileaks, a crítica é feita pelo próprio embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel.
"A principal preocupação popular - crime e segurança pública - não melhoraram durante sua administração (de Lula)", afirmou o telegrama enviado entre a embaixada americana em Brasília e o Departamento de Estado norte-americano.
ENTRELINHAS - Note que a concordância é difícil, mas é fácil.
O documento ainda cita os vários escândalos de corrupção durante a gestão de Lula. "A Administração Lula tem sido afetada por uma grave crise política", afirma o documento, indicando que "escândalos de compra de votos e tráfico de influência" se transformaram em "pragas para certos elementos do partido de Lula, o PT".
ENTRELINHAS - O que seria do PT sem esses altos e abismos? Um mero clone do PMDB, com requintes DEMOníacos e atucanados. Pegaria mal. Ninguém é melhor que o PT nessas horas.
Sobel, porém, deixa claro que a "popularidade pessoal do presidente não sofreu, mesmo depois que muitos de seus associados mais próximos foram pegos em práticas de corrupção".
ENTRELINHAS - Taí o mote da campanha de Lula-III. A Wikeleaks é Lula-2014, doente.
E o repórter continua:
O telegrama faz parte de um relatório que a embaixada americana em Brasília enviou para Washington, com vistas a preparar uma visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim. A meta dos americanos no início de 2009 era de se aproximar ao Brasil, propondo acordos de cooperação no setor militar e uma colaboração para garantir certa estabilidade na América Latina.
ENTRELINHAS - Quem tem Sarkozy não precisa andar caçando novo companheiros bons e batutas.
O documento ainda insinua que teria sido o Bolsa Família que o teria ajudado a se reeleger em 2006. "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2002 em grande parte diante da promessa de promover um agenda social ambiciosa, incluindo generosos pagamentos aos pobres. Diante da força da popularidade dessas medidas, ele foi reeleito em 2006, ainda que com um apoio diminuído da classe média", completou.
RODAPÉ - Pois, então.... Não é tudo o que Lula esperava para começar sua campanha pelo terceiro mandato?!? É a hora de mostrar indignação e não desprezo como fingiu na terça-feira, em São Luiz do Maranhão, quando disse que a Wikeleaks não merecia consideração. Um governo que banalizou escândalos, não pode deixar esse cavalo passar encilhado. Ou então, Lula já está de férias e não avisou nada para ninguém. Sabe o que mais incomoda Lula nesse início de dezembro? O fim do mandato. Esse mau-humor todo dos últimos dias, é porque ele mal pode esperar que as pessoas "comuns" entendam que a WikeLeaks já deu início a sua campanha eleitoral para 2014.
