O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

11 de dez. de 2010

O Conto de Fadas do País das Maravilhas

Lula, já revelando visíveis sinais da síndrome do adeus, resolveu promover uma recepção que não estava no script em homenagem à primeira-presidenta Dilma, logo após a sua diplomação.

É uma festa-maravilha de 400 cálices erguidos em brinde no Palácio do Itaramaraty, com gastos de medidas tais que, por certo, não cabem do bolso do promoteur e, duvida-se muito até que caibam no cartão corporativo da cota pessoal de quem quer que seja, tenha inventado esse derradeiro factóide do ano. Derradeiro, sim, porque  Natal quem faz é Cristo e Ano Novo quem traz é o Velhinho. Derradeiro, sim, porque a festa do Dia da Rampa já será em 2011.

É bom que o show de brindes se realize mesmo no Itamaraty, posto que a reconstrução e restauração do Palácio do Planalto não fez da sede do governo brasileiro um local seguro para um regabofe desse porte.

Vá que o elevador fique parado entre os saguões de recepção e a garagem... A turma vai cair na maior água, antes mesmo que o megaconvescote luxo-brega termine. E tem mais, a festa faz jus ao codinome do lugar: Palácio dos Arcos. Vai ser uma festa de arromba; dos arcos da velha.

E o irônico dessa rica festa é que dona Dilma é quem receberá os convidados para o coquetel no Palácio do Itamaraty, assim que termine a cerimônia de diplomação na próxima sexta-feira. Os convites, no entanto, são garatujados pelo presidente retirante Luiz Inácio Lula da Silva e pela primeira-dama insigne não-ficante, dona Marisa Letícia.

Além de dez familiares da presidenta eleita e de quatro do vice-idem, foram agraciados também com ticket-ceia dos cardeais os 16 indicados a ministros de Estado do governo Dilma que ainda não foram empossados - sem cedilha e tudo - e 27 governadores eleitos.  Na verdade, serão 15 donatários de capitanias que estarão na boca livre, já que a dúzia restante será diplomada no mesmo dia nas pujantes capitais de suas bases eleitorais.

Não é nada, não é nada, a festa vai mudar a cara do entardecer do dia 17 em Brasília. O roteiro do esquema de segurança do TSE - lugar da diplomação e do posterior self-service -  será cuidadosamente reforçado. É que por lá estarão reunidos, a um só tempo, sob o mesmo teto,  os chefes dos três poderes – Lula (Executivo), Zé Sarney (Legislativo) e Cezar Peluso (Judiciário).

Uma precaução exagerada, já que os guerrilheiros urbanos dos velhos tempos da Redentora, estão hoje todinhos do mesmo lado. Não há chance nenhuma a ser desperdiçada. Não há um só anistiado do Araguaia que não seja governo até debaixo dágua. De outra parte, se - que o Presideus nos livre e guarde - houvesse algum contratempo, caísse uma marquise, desabasse um teto, escapasse um buscapé, ou um desses rojões impossíveis de segurar e acontecesse um extremo e inusitado caso de vacância na Presidência da República, ninguém notaria qualquer diferença.

Mas com a ajuda de Lula, se Deus quiser, vai dar tudo certo. Não só na diplomação, como no coquetel de 400 cálices e na posse do dia 1° de janeiro. Se Eles quiserem, vai acabar - ops! - vai começar tudo bem e nós todos viveremos felizes por muitos e muitos anos.

Entrementes...

Os itamaratecas estão numa azáfama, numa atrapalhação deveras estafante preparando cerca de 1,5 mil convites para a posse da primeira-mulher-presidenta, no dia 1° de janeiro. A missão merece dedicação e desprendimento já que o dia será mais para o adeus de Lula do que para a chegada de Dilma. Tome nota que vai ser bem assim. E nem poderia ser diferente - diria entredentes Franklin Martins, o Tesourão Rancoroso.