Renan Calheiros, ou Henrique Alves? O primeiro manda no Senado Federal, o segundo preside a Câmara dos Deputados.
Seja lá qual for a pergunta a respeito de qualquer um dos dois, tanto faz como tanto fez. Eles formam um par de vasos que seria raro, não fosse corriqueiro no Congresso Nacional, a grande casa de tolerância nacional. Ali se tolera tudo. Mais até do que ter dois corruptos e quadrilheiros na Comissão de Constituição e Justiça e outro morando numa cela da Papuda.
Mais do que isso, mais até do que ter outro condenado pelo Supremo, o ínclito Costa Neto, desfilando pelo túnel do tempo que liga senadores deputados a senadores numa espécie de Black Bloc legislativo.
Mais do que isso, mister se faz que o povo que por lá apareça, tome muito cuidado com ambos e com tudo quanto os dois representam.
De Renan já se sabe e já se disse quase tudo. O astro da vez é esse Henrique Alves, um craque quando joga pra torcida.
Basta ver a pose de dignidade com que ele vociferou ontem, logo após a vergonhosa não-cassação do mandato de Natan Donadon, o nobre habitante da Papuda: "Não realizarei nenhuma outra sessão para cassar mandato de parlamentares enquanto o voto for secreto"!
Bonito, né não? Pois, não é não! Com isso, ele matou, sepultou a possibilidade de cassação da trinca de mensaleiros condenados, Costa Neto, Genoíno e João Paulo Cunha. Acha muito? É pouco!
Ao promover a licença por prazo indeterminado de Natan Donadon e empossar o suplente Almir Lando, Henrique Alves desenquadrou Natan Donadon do artigo 55 da Constituição que pune com a perda sumária de mandato o deputado que faltar a um terço das sessões ordinárias da tolerante Casa.
Então é isso, minha boa gente. No Congresso, a grande casa de tolerância nacional, tudo se tolera e nada é o que parece. Lá, só há uma verdade patente: em vez da gente usar e se limpar nela, ela é que usa e se limpa com a gente.