A vida é uma chacrinha, só acaba quando termina.
Aconteça o que acontecer com os mensaleiros na barra do tribunal mais alto da nação, o que não se pode deixar de reconhecer é que até agora, desde quando a Constituição brasileira instituiu o Supremo Tribunal Federal é que suas decisões - sejam lá quais sejam - são supremas, derradeiras, definitivas.
Cabe, no entanto, à mais alta corte de justiça do País padecer sob o julgamento final da população. Quaisquer de nós, meros e humildes cidadãos de saia ou de bombacha, de tanga, sunga ou tomara-que-caia, podemos julgar o julgamento final desses superlativos ministros.
É que a vida é uma chacrinha e tudo acaba só quando termina. Assim é que temos nós, sim senhor, pleno direito de julgar os julgadores. Era só o que nos faltava estarmos tão abaixo de suas togas e ainda termos que mastigar um cabresto desses.
Eia pois, advogados nossos, salvem, salvem! Essa nossa rebeldia pessoal e sobre-humana é tão legítima quanto inócua no que se refere ao Direito Formal. Este monstro, no caso do STF é imutável, por definitivo e finalizador. Ou esse tribunal seria supremo.
Mas eis que, nesse vale de lágrimas, nosso arbítrio, o julgamento popular, é arrasador e intocável quanto ao espírito da Lei, da Justiça, do Direito moral.
O Supremo é tão soberano perante à lei, quanto é ínfimo, insignificante e eterno apenas e tão somente o quanto dure, para o nosso senso de moral, para a decência, o decoro, a honradez, a integridade, a retidão e a respeitabilidade.
Se os ministros do Supremo resolverem julgar a si mesmos nesta semana, será porque valem tanto quanto vale a pandilha que os fez ceder, baixo a um rasgo de comprometida gratidão e suprema submissão, às pressões que lhe são cobradas por terem chegado ao patamar divinal e impoluto em que se encontram.
Há controvérsias. Mas, ninguém - nem ministros do Supremo, nem seus mentores e patrões - nos impedem de exercer a plena liberdade de julgá-los deploráveis exemplares da baixeza e da degradação humana. É que à liberdade de pensamento e de opinião ninguém tem capacidade de impedir, nem poder de aprisionar.