O LEGADO DO CINEGRAFISTA
SANTIAGO ANDRADE
O governo já está usando a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, assassinado por black blocs, como apelo e logotipo contra as manifestações populares que tanto o atemorizam com relação à Copa do Mundo, um evento que antecede as eleições de outubro. Uma Copa que precisa dar certo para o governo não perder.
Canalhas, da tropa de choque das comunicações oficiais, já usam a tragédia de Santiago Andrade, ainda insepulto, como referência para comover os movimentos de rua dos cidadãos de bem que clamam contra a roubalheira da Copa, contra a corrupção, contra os descasos para com a a saúde, a educação, transporte, segurança e igualdades sociais.
Agora os pulhas dos bem patrocinados e muito bem remunerados esquadrões formadores de opinião bradam aos quatro ventos: "Legado de Santiago será uma Copa de paz e de festa"!
E a pandilha que treme diante da indignação popular ordeira não tem meias medidas e tenta desmobilizar o povo dizendo que a tal Copa de paz e festa "é a única resposta que a sociedade brasileira pode dar ao festival de atrocidades cometidas por marginais desde as "jornadas de junho".
Peralá! Quem é mais atroz e criminoso do que os corruptos que vêm depredando há quase 30 anos o patrimônio público da máquina administrativa azeitada por eles mesmos; quem mata mais do que governantes que não tratam da saúde pública, não oferecem educação, não se importam com os descalabros da mobilidade urbana, não garantem segurança pública? Quem?!?
Santiago Andrade foi um repórter que morreu, no cumprimento do seu dever profissional, pela insanidade do desgoverno brasileiro, que tem nas mãos um país fora de controle.
Santiago não é uma bandeira que possa ser desfraldada justamente por esses governantes que fazem uma inoportuna, corrupta e nababesca Copa ao invés de priorizar serviços essenciais e justiça social.
O legado de Santiago seria não haver Copa. Mas não é. O melhor legado de Santiago foi a sua trajetória de cinegrafista destemido, competente e cumpridor de suas obrigações, em clima de paz ou de inevitáveis conturbações urbanas.
Ele sabia que, cansado e indignado só com discursos, roubalheira e demagogia o povo acaba saindo em busca dos seus ideais e vai às ruas amotinar-se até construir uma revolução. Por isso ele ele estava lá. Esse foi o legado de Santiago Andrade.